Tesoureiro do PT não ficará em silêncio na CPI da Petrobras

Tesoureiro do PT não ficará em silêncio na CPI da Petrobras

João Vaccari Neto decidiu que vai responder às perguntas de parlamentares na quinta-feira

O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, já decidiu que vai responder a todas as perguntas durante o depoimento à CPI da Petrobras, marcado para a próxima quinta-feira. O advogado do petista, Luiz Flávio D’Urso, afirmou ao GLOBO que não vai ingressar no Supremo Tribunal Federal (STF) com pedido de habeas corpus para evitar o depoimento ou garantir a seu cliente o direito de ficar calado, uma vez que prestará testemunho na condição de investigado.

— Ele vai comparecer e responder a todas as perguntas — disse D’Urso.

Vaccari deve manter as declarações que tem feito por meio de sua assessoria à imprensa, negando ter recebido propina das empreiteiras contratadas pela Petrobras em forma de doações ao partido. Vaccari já havia admitido ter se encontrado com Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras, mas negou que tenha recebido dinheiro dele ou discutido com ele algo sobre doações.

Com o interesse da oposição de usar o escândalo para enfraquecer ainda mais o governo de Dilma Rousseff e o PT, o depoimento deve aumentar a pressão de petistas para que o tesoureiro se afaste do cargo. O PSDB e o DEM pretendem utilizar a presença de Vaccari na CPI para tentar turbinar as manifestações de rua contra o governo marcadas para o próximo domingo.

— A oposição tem feito um espetáculo. Fica parecendo que não é combate à corrupção, é combate ao PT— disse o deputado Afonso Florence (PT-BA), integrante da CPI.

Pelo cronograma acordado inicialmente entre o presidente da CPI, Hugo Motta (PB), e o relator, Luiz Sérgio (PT-RJ), Vaccari só seria ouvido mais adiante. O vice-presidente da comissão, Antonio Imbassahy (PSDB-BA), aproveitou viagem do titular ao exterior para antecipar o depoimento do tesoureiro do PT para quinta-feira.

— Acho importante porque ele tem sido muito acusado pelo próprio doleiro Alberto Yousseff, pelo (Pedro) Barusco. Quanto mais cedo ele falar, melhor para todo mundo, inclusive para ele. É uma oportunidade para ele esclarecer — afirmou Imbassahy, que não descarta uma acareação posterior entre Vaccari e Barusco.

Vaccari é réu, desde o último dia 23, em um dos processos decorrentes da Operação Lava-Jato na Justiça Federal. É acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. A denúncia foi feita pelo Ministério Público, que investiga o esquema de corrupção na Petrobras. Apesar de pressões de integrantes do partido e do Palácio do Planalto, Vaccari resiste em se licenciar do cargo. Segundo pessoas próximas, ele tem se mostrado magoado com o que considera uma condenação prévia e afirma que seu eventual afastamento atrapalharia sua defesa.

O PT ainda tinha a expectativa de que o presidente da CPI mantivesse o cronograma inicial e adiasse o depoimento, mas Motta confirmou a agenda, na última quinta-feira.

— Ele vem em uma boa hora para prestar esclarecimentos à CPI — disse o presidente da comissão.

Fonte: O Globo / Julianna Granjeia / Fernanda Krakovics