Oceanos têm mais de 170 trilhões de pedaços de plástico, diz estudo internacional

Oceanos têm mais de 170 trilhões de pedaços de plástico, diz estudo internacional

Um estudo internacional concluiu que existem170 trilhões de pedaços de plástico acumulados atualmente nos oceanos.

Em uma ilha na Austrália, a bióloga Jennifer Lavers dedica a vida ao estudo das cagarras: as aves marinhas que são muito boas de pesca.

Na praia, ela recolhe um dos animais para descobrir o motivo da morte. Ao dissecar o estômago, ela não se surpreende: está cheio de pedaços de plástico que o animal é incapaz de digerir.

Ela explica que, comparando, seria o equivalante a um ser humano ter comido 12 pizzas, como contado no documentário “Plastic ocean”.

Só numa cagarra foram encontrados 234 pedaços de plástico. Isso é só uma fração do que corresponde a cada um de nós.

De acordo com um novo estudo, existem mais de 170 trilhões de fragmentos de plástico nos oceanos. Para cada habitante da Terra há 21 mil pedaços. O número assustou Marcus Eriksen, o chefe da pesquisa que foi feita nos últimos 40 anos.

Ele disse que, a partir de 2004, a curva começou a subir num nível fora do comum. Principalmente porque foi quando explodiu a produção de plástico no mundo, atrelada principalmente à expansão da classe média mundial. Só nos últimos 15 anos foram 5 milhões de toneladas.

O maior aumento foi de plástico descartável: copos, embalagens, sacolas feitos para serem usados uma vez só.

Esse é o cotidiano de um americano: receber pelo correio uma caixa cheia de plástico bolha com uma embalagem de plástico com vários chocolates, cada um envolvido numa embalagem diferente. Ou então pedir almoço, que vem numa sacola de plástico, embalado em plástico com garfos e facas de plástico embalados em plástico com molhos embalados em plástico. Os Estados Unidos são o maior consumidor de plástico do mundo.

Com a ação do sol e da água, o plástico se fragmenta e se transforma em microplásticos: pedaços de menos de 5 milímetros que contaminam todas as espécies, inclusive nós, pela água e pelos animais marinhos que comemos.

Todo plástico produzido na Terra fica no planeta de alguma forma e apenas 10% é reciclado. Mas, segundo o pesquisador, não basta evitar que chegue ao mar ou aumentar a reciclagem. Tem que haver um pacto mundial.

Há, nesse momento, uma resolução em discussão nas Nações Unidas para limitar a produção de plástico. A votação está marcada para maio.

Há inúmeros outros materiais biodegradáveis que poderiam ser usados. Por isso, o pesquisador diz que não é demais sonhar em banir os descartáveis completamente. A humanidade é criativa e pode viver sem plástico.

Fonte: G1