GOLAR Power anuncia novos projetos de gás no Brasil

GOLAR Power anuncia novos projetos de gás no Brasil

Companhia é uma das principais empresas de logística de gás natural liquefeito no mundo

A Golar Power, uma joint venture entre a norueguesa Golar LNG e o fundo Stonepeak Infrastructure Partners, anuncia que pretende expandir sua atuação no mercado brasileiro de gás natural nos próximos anos. A companhia é pioneira no país na operação com o GNL em três segmentos: upstream (exploração, produção e liquefação), midstream (transporte) e downstream (terminais de regaseificação e distribuição de GNL em pequena escala), além da geração de energia.

O Grupo GOLAR possui embarcações que funcionam como Unidades Flutuantes de Regaseificação e Armazenamento (FSRU, segundo a sigla em inglês) de GNL fornecendo serviços para a Petrobras desde 2007, nos Estados do Rio de Janeiro, Bahia e Ceará. Atualmente, existem plantas flutuantes de regaseificação da Golar LNG no mundo todo, como no Reino Unido, Cróacia, Bermudas, Brasil, Camarões, Malásia e Noruega.

A Companhia informa que está investindo em uma série de projetos no Brasil apostando no aumento do uso de GNL, hoje usado no país principalmente para geração de energia. Já a Golar Power é sócia dos projetos termoelétricos integrados Porto de Sergipe I (CELSE – Centrais Elétricas de Sergipe), que opera um terminal de GNL e uma central termoelétrica com capacidade instalada de 1550 megawatts (MW) em Barra dos Coqueiros, no Estado de Sergipe, e do projeto integrado Centrais Elétricas de Barcarena (CELBA), no Estado do Pará, cujo terminal de GNL tem previsão de entrada em operação no início de 2022 e a termoelétrica em 2023. A empresa ainda está à frente do Terminal Gás Sul (TGS), em Santa Catarina, e do terminal de GNL de Suape, ambos em fase avançada de licenciamento.

A ZEG Biogás anunciou que também fechou parceria com a Golar Power com o objetivo de viabilizar a distribuição de gás liquefeito de biometano, o GasBio, para abastecimento de caminhões. A operação é a primeira do Estado de São Paulo que irá disponibilizar o biometano em escala comercial. O objetivo do projeto é oferecer um combustível alternativo e com baixo impacto ambiental.

Em entrevista exclusiva para a Revista SINCOMAM, o Gerente de Operações da Golar Power Brasil, Georges Barthel Crisóstomo, fala sobre os projetos da empresa, as expectativas do mercado da navegação de cabotagem, e a geração de empregos para os marítimos nos próximos anos.

Apesar da pandemia do COVID-19, a GOLAR POWER continua trabalhando forte na implantação de seus projetos. Mesmo com dificuldades enfrentadas, nada parou”, disse Georges Barthel.

Revista SINCOMAM – Em que fase se encontra o projeto da empresa referente ao terminal de importação de GNL em Barcarena, na região norte do país?

Gerente de Operações da Golar Power Brasil, Georges Barthel Crisóstomo – Desde 2015 já foram investidos montantes relevantes de recursos financeiros e humanos no projeto da CELSE (Centrais Elétricas de Sergipe), e pretendemos continuar investindo em nossos demais projetos no Brasil, gerando desenvolvimento e empregos. No ano passado, a Golar Power e seu sócio Evolution Partners venceram o leilão de energia nova A-6 com um PPA de 605 MW que será gerada através da Usina Termoelétrica (UTE) Novo Tempo da CELBA (Centrais Elétricas de Barcarena), localizada no município de Vila do Conde, em Barcarena (PA). O projeto contempla uma UTE, gasoduto integrado, dolphins de atracação e uma Unidade Flutuante de Armazenamento e Regaseificação (FSRU) de gás natural liquefeito, com capacidade para entregar 15 milhões de m³ de gás/dia. Em Barcarena, a companhia possuirá uma ampla capacidade de oferta do insumo na região, portanto além de abastecer a UTE, será negociado fornecimento de gás com a distribuidora local, para abastecimento de residências e veículos de carga e passeio, bem como com grandes consumidores industriais locais.

R.S. – O Ministério de Minas e Energia aceitou a solicitação da Golar Power, aprovando a importação de GNL até o final de 2023, no Terminal de Regaseificação em Salvador (BA). Me fale sobre essa negociação.

Georges Barthel – Nosso projeto na Bahia é levar gás para clientes industriais, como, por exemplo, o Pólo Petroquímico de Camaçari. Para isso, poderemos executar uma rede de gasodutos estruturantes, onde nós fazemos o investimento na regaseificação.  Não vamos trabalhar só com o GNL. Nossa estratégia é ter um mix de fornecedores de gás, tanto importado como de produção doméstica. Procuraremos não ficar restritos exclusivamente onde exista rede de gasodutos de transporte e de distribuição.  Nossa proposta é também interiorizar o gás. Hoje, 95% dos municípios brasileiros não contam com gasodutos. Temos um enorme mercado potencial para atender.

R.S. – Diante da atual crise mundial, gerada pelo novo coronavírus, quais são os investimentos da empresa no País para os próximos anos?

Georges Barthel – A Golar Power mantém seus projetos no Brasil, que têm como objetivo criar infraestrutura para o Novo Mercado de Gás no País.  A empresa está alinhada com a estratégia do Governo de abertura do mercado do gás e vem se posicionando na vanguarda dessa iniciativa, em diversas frentes de atuação. Além dos projetos de grandes terminais de regaseificação ancorados por termoelétricas, como é o caso da Celse, a maior termoelétrica a gás da América Latina, apostamos em projetos alternativos que visam a democratização do gás como fonte de desenvolvimento econômico e social. A fim de diversificar nosso portifólio, lançamos uma chamada pública para a aquisição de 5 milhões de m³/dia de biometano. A meta é liquefazer este combustível, gerando o BioGNL, direcionado, sobretudo, ao transporte rodoviário e ferroviário. Com isso, pretendemos monetizar o biogás nacional e introduzir um combustível renovável, com emissão negativa de carbono, ao nosso mix de fontes de gás. Esperamos que, com a abertura do mercado de gás, novos modelos de negócios se consolidem no Brasil, expandindo a oferta do gás natural para municípios do interior, promovendo desenvolvimento social e econômico por meio da oferta de um combustível mais limpo e mais barato que outros de origem fóssil. Acreditamos, ainda, no aumento da produção do biometano.

R.S. – A companhia anunciou que estava apostando em projetos de fornecimento de GNL por meio de caminhões. Como estão as negociações deste mercado logístico?

Georges Barthel – A Golar Power firmou parceria com Alliance GNLog para transportar, em caminhões movidos a GNL, ISO-conteiners contendo GNL, para regiões do interior do País que não estão ligadas aos gasodutos de transporte de gás do litoral. Ao mesmo tempo, apoiamos toda a indústria automotiva que está desenvolvendo veículos pesados movidos a GNL.  A Alliance GNLog comprou quatro caminhões SHACMAN (fabricante automotivo chinês) que já estão rodando no Brasil, em fase de testes, com o nosso combustível, e estamos em negociação com outras montadoras. O projeto envolve o fretamento de caminhões para escoamento do gás, ao mesmo tempo que incentivamos o uso do GNL em substituição ao diesel. O gás é um combustível mais limpo, com pegada menor de carbono, e mais econômico.  Ao ser liquefeito, o volume do gás é reduzido em 600 vezes, o que faz com que seja mais facilmente transportado em caminhões e aumenta a autonomia dos caminhões que também usam o GNL como combustível.

R.S. – Como a empresa avalia o trabalho dos Condutores de Máquinas tripulados nas embarcações do Grupo Golar?

Georges Barthel – As empresas do grupo aprenderam muito nesses mais de 10 anos operando navios no Brasil.  No início das operações do grupo, lá em 2008, quando o mercado de óleo e gás estava superaquecido e o mercado local desconhecia as operações de navios de GNL, tivemos certa dificuldade de encontrar tripulantes especializados no nosso tipo de operação. No entanto, esse desafio foi superado e hoje nas empresas do grupo contamos com 60 tripulantes brasileiros na frota local, dos quais 4 são Condutores de Máquinas. É importante frisar que devido ao nosso tipo de operação, todos os Condutores de nossa frota precisam ter o certificado EBGL, se comunicar bem em inglês e possuir experiência sólida em solda, sendo esses requisitos imprescindíveis para qualquer profissional desta categoria que pretenda se candidatar a vagas em nossa empresa. O número de Condutores que empregamos atualmente em nossas empresas ainda é baixo, pois no momento temos somente 2 FSRUs operando no Brasil, mas temos previsão de até 2024 termos de quatro a sete navios no país, com um total de 144 tripulantes brasileiros contratados, sendo metade destes oficiais, e dentre os não oficiais cerca de 14 serão Condutores de Máquinas. Conforme a Resolução Normativa (RN) do Conselho Nacional de Imigração N° 6 de 2017, a partir do nonagésimo (90) dia de operação contínua em águas jurisdicionais brasileiras, o navio estrangeiro operando em cabotagem no Brasil deverá respeitar o percentual mínimo de 20% de sua tripulação composta por marítimos brasileiros, em todos os níveis técnicos, a partir de 180 dias esse percentual cresce para 33%. No entanto, atualmente já ultrapassamos tal limite obrigatório e cerca de 42% da tripulação de nossos navios operando no Brasil é formada de brasileiros, e empregamos mais brasileiros do que qualquer outra nacionalidade nestes navios.

R.S. – Qual a perspectiva da Golar Power diante da possível aprovação do projeto de Lei 4199/2020 – o BR do Mar?

Georges Barthel –  Atualmente a Golar Power não é uma Empresa Brasileira de Navegação (EBN), que serão as maiores beneficiadas por essa legislação, considerando que não mais dependerão de tonelagem para trazer navios estrangeiros para operar no Brasil, especialmente aqueles que nossos estaleiros ainda não estão habilitados a construir, como é o caso dos navios de GNL. Isso certamente aumentará o número de embarcações disponíveis na frota nacional, ajudando a desenvolver a navegação de cabotagem no Brasil. Acreditamos também que o requisito de emprego de 67% de tripulantes brasileiros nesses navios trará novos empregos para os marítimos brasileiros, o que é muito bom, e esperamos que desta forma consigamos qualificar ainda mais a mão-de-obra local nesses novos tipos de embarcações e operações que estão por vir, o que certamente será benéfico para todos nós.

R.S. – Qual a relevância dos Acordos Coletivos de Trabalho para a empresa e para os marítimos que compõem o quadro de funcionários da companhia?

Georges Barthel –  O Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) é uma importante ferramenta para o regramento das condições de trabalho de empregados brasileiros em todos os setores. Ele também serve como base para a resolução de conflitos e das condições e benefícios mínimos de trabalho para nossos trabalhadores. No nosso caso, tentamos endereçar e conciliar com os sindicatos todos os nossos desafios como empresa e os pleitos das categorias, para que consigamos dar melhores condições de trabalho para nossos funcionários e, ao mesmo tempo, viabilizar a continuidade das operações da empresa.

R.S. – Há previsão de contratação de marítimos para 2021?

Georges Barthel –  Sim. Esperamos que o terminal de Suape, caso entre em operação a partir do segundo trimestre de 2021, contrate cerca de 12 marítimos locais para tripular o nosso navio de transporte de GNL em pequena escala, o LNGBV Avenir Accolade, que está sendo construído na China e tem previsão para entrega janeiro de 2021.

Fonte: SINCOMAM – Margarida Putti

Foto: divulgação GOLAR

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