Geração Z salva sindicatos nos EUA

Geração Z salva sindicatos nos EUA

O declínio significativo que sofreram os sindicatos dos Estados Unidos desde o início da década de 1980, de acordo com dados da Secretaria de Estatísticas Trabalhistas, pode ter chegado ao fim. O declínio que foi atribuído por muitos especialistas a questões como mudanças políticas que favorecem empregadores, o fim da obrigatoriedade de sindicalização em vários setores e Estados e a tendência cada vez maior à subcontratação (ou terceirização) que deixou os EUA com uma das densidades sindicais mais baixas entre as principais economias parece ter acabado. O principal motivo?

A adesão da Geração Z, os nascidos entre 1990 e 2000. A empresa de pesquisa Gallup registou, em agosto de 2022, os níveis mais elevados de apoio aos sindicatos desde a década de 1960: 71% dos americanos aprovam os sindicatos e um em cada 10 trabalhadores não sindicalizados afirma estar “extremamente interessado” em aderir a um. Além disso, ganharam grande destaque na mídia as iniciativas de trabalhadores de empresas como Amazon e Starbucks e de várias universidades de se organizarem em seus próprios sindicatos, contrariando seus patrões.

O sindicato dos roteiristas e atores dos Estados Unidos continuam reivindicando aumento de salários e benefícios, assim como maior proteção contra o avanço da Inteligência Artificial.

Na linha da frente desses movimentos estão trabalhadores mais jovens: a Geração Z. De acordo com o Centro para o Progresso Americano, “a geração mais pró-sindical que existe atualmente”.

A participação e o apoio da Geração Z aos sindicatos organizados faz sentido quando consideramos o contexto da sua experiência, explica Kate Bronfenbrenner, diretora de pesquisa em educação para o trabalho e professora da Escola de Relações Industriais e Sindicais da Universidade Cornell, nos Estados Unidos.

As práticas de algumas empresas durante a pandemia, continua Bronfenbrenner, aumentaram o entusiasmo da Geração Z pelos sindicatos: trabalhadores de baixos rendimentos, trabalhadores de serviços e aqueles sem formação acadêmica tiveram dificuldade em obter equipamento de proteção individual, cuidados médicos e licença médica remunerada.

O Instituto de Política Econômica destacou relatórios que mostraram que, em 2020, pouco mais de 10% dos trabalhadores considerados “essenciais”, incluindo os do setor comercial, estavam protegidos por contrato sindical.
Em contrapartida, os trabalhadores representados por um sindicato tinham mais possibilidades de buscar mecanismos internos e externos para se defenderem em questões de saúde e segurança.

Geração Z contra o mundo
Os baby boomers tinham muitas coisas que os uniam, diz Bronfenbrenner, à medida que a geração se tornou “bastante envolvida politicamente com os direitos civis, os movimentos feministas e o movimento contra a guerra do Vietnã”. Os pesquisadores geralmente consideram que a Geração X, que veio depois dos baby boomers, é significativamente mais independente e autossuficiente; e os millennials, nascidos entre o início da década de 1980 e meados da década seguinte, de acordo com pesquisas empíricas, são a geração mais individualista de todas. A Geração Z, por outro lado, parece ser a geração coletiva.

Os esforços de sindicalização conduzidos pela Geração Z também tendem a ser marcados pela paixão dessa geração pelas causas sociais, e as suas reivindicações refletem isso, diz Bronfenbrenner.