Ex-diretor da Petrobras diz que Pasadena dá lucro e sustenta que cláusulas não eram fundamentais

Ex-diretor da Petrobras diz que Pasadena dá lucro e sustenta que cláusulas não eram fundamentais

Durante depoimento na CPI da Petrobras, o ex-diretor internacional da Petrobras Jorge Luiz Zelada disse que a refinaria de Pasadena está “num bom momento” e que a Petrobras está recuperando “em parte” os investimentos feitos. Zelada manteve a versão do antecessor Nestor Cerveró de que não era necessário incluir na discussão da compra de Pasadena as cláusulas Marlin – que falava sobre percentual de dividendos, e que não foi aplicada – a cláusula Put Option – que estabelecia a forma de dissolução da parceria, em caso de desacordo.

O ex-diretor internacional da Petrobras reiterou que essas cláusulas não continham do resumo sobre a compra de 50% da refinaria, que pertencia à empresa belga Astra, e argumentou que isso não era “central” para a decisão.

Apesar de ter sido indicado ao cargo pelo PMDB, Zelada disse que foi funcionário da Petrobras por mais de 30 anos, aposentando-se em 2012. Ele garantiu que a questão técnica é levada em conta nas nomeações dos cargos de diretoria.

– Vejo que a refinaria está dando lucro neste momento. Ela está recuperando um pouco os valores que ela investiu. Há uma repriorização de recursos. O projeto de Pasadena previa uma possível ampliação. A partir de motivos, essa ampliação não foi feito, e Pasadena passou a operar da maneira como estava. Em outros momentos, teve resultado negativo e outros bons, como tem sido no período recente. A decisão judicial validou o laudo arbitral e, no final das contas, saiu um pouco mais barato do que vinha sendo a negociação desde 2007 – disse Zelada, afirmando que os termos do acordo final entre a Petrobras e a Astra ocorreram em junho de 2012, um pouco antes de seu desligamento da empresa.

A declaração sobre o caráter técnico dos diretores foi feita a partir de uma pergunta do senador Abílio Diniz (PT-AC), que questionou se as nomeações na Petrobras tinham “cor partidária”

– A própria trajetória que procurei descrever, tenho longa carreira na Petrobras, meu currículo atende (aos requisitos). Os diretores da Petrobras, na minha época, todos eram de carreira. Acredito sim na meritocracia para exercer esse cargo – disse ele.

Zelada ainda rebateu declarações de que a Petrobras tenha uma gestão temerária.

– As afirmações são da imprensa sobre gestão temerária e estão motivando alguns trabalhos, como as CPIs. Posso dizer que trabalhamos em planejamento estratégico. É uma governança bastante forte que tem a Petrobras – disse ele.

Cláusulas não eram centrais para a negociação, diz ex-diretor

No caso das cláusulas, ele repetiu o argumento de que esse tipo de questão não precisa ser discutida na situação de compra. Ele explicou que assumiu no em março de 2008 e que o resumo já tinha sido elaborado.

– Na reunião de 03 de março de 2008, foi pautada esse assunto. Não estava, foi a mesma que me nomeou como diretor. A pauta foi para no dia 12 de maio. O resumo executivo não fazia menção à saída, porque a proposta era de fazer a compra dos restantes. Não existe opção de saída – disse ele.

O ex-dirigente da estatal lembrou que Pasadena havia sido comprada em parceria pela Petrobras e a Astra. Houve uma disputa judicial, e a Petrobras teve que comprar os 50% da empresa belga. As duas tiveram divergências quanto à administração da refinaria.

– A arbitragem, ele se seguiu ao Conselho não aprovar a compra de 50% restantes. Era uma mudança de cenário importante, com a descoberta do pré-sal. A partir deste momento, a Astra se ausenta da gestão e passa a não mais fazer parte do dia a dia de gestão e de não aportar os recursos para operação dia a dia dos ativos. A Petrobras entra com a arbitragem, para pedir que a Astra retorne. Havia uma instalação importante, e a Petrobras não podia não fazer nada – disse ele, acrescentando:

– O laudo final da arbitragem ficou pronto em meados de 2009. A decisão judicial validou o laudo arbitral e, no final das contas, saiu um pouco mais barato do que vinha sendo a negociação desde 2007.

Ele disse que o Comitê de Proprietários de Pasadena nunca funcionou.

O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), disse que devem continuar funcionando as duas CPIs: a do Senado e a Mista.

 Fonte: O Globo