USP prepara nova expedição científica com navio de pesquisa

USP prepara nova expedição científica com navio de pesquisa

O Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP) prepara a próxima expedição de seus pesquisadores cientistas a bordo de seu navio Alpha Crucis. A viagem, que tem como destino a região de Rio Grande (RS), está prevista para o final deste mês, com especialistas de diversas instituições a bordo. 

A expedição é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Os cruzeiros do Alpha Crucis ao Sul do País começaram em 2012 e acontecem duas vezes por ano. Nessas viagens são coletadas e comparadas informações como temperatura, salinidade, concentração de carbono, pressão e oxigênio da água do mar. Esses dados são importantes para prever a reação dos oceanos diante da interferência humana dos últimos anos.

De acordo com o IO, uma expedição semelhante foi realizada no início deste ano. Entre 30 de janeiro e 21 de fevereiro, a embarcação seguiu para um cruzeiro com o objetivo de estudar a região da elevação do Rio Grande. Foram 2.810 milhas náuticas navegadas. Na ocasião, foi avaliada a qualidade da água e dos sedimentos encontrados aquela região. 

O foco dessa próxima expedição também será de monitoramento, segundo a diretora do IO-USP, Elisabete de Santis Braga da Graça Saraiva.

Mas, dessa vez, os pesquisadores estarão em águas internacionais, a mais de 200 milhas náuticas da costa, o equivalente a 300,4 quilômetros de distância. 

A nova expedição será mais semelhante à realizada em abril, quando a embarcação passou 17 dias no Atlântico Sul, coletando informações sobre o oceano. Nessa viagem, participaram 20 pesquisadores brasileiros e estrangeiros.

Alpha Crucis  conta com cinco laboratórios. Dois são destinados às análises químicas da água do mar, estudando sua acidez e a concentração de carbono e, ainda, identificando de elementos e nutrientes. Outros dois são voltados para avaliar as propriedades físicas da água, como temperatura e salinidade. O quinto laboratório é reservado para análises biológicas.

Para realizar esses testes, a equipe conta com um processo específico para captação da água. Ele utiliza 24 garrafas especiais, que coletam amostras em profundidades pré-determinadas. 

O navio conta ainda com um cabo de cinco mil metros de comprimento, feito de aço e com um núcleo condutor. Na ponta dele, há um instrumento responsável por medir propriedades como concentração de sal e de oxigênio, temperatura, pressão e também a velocidade, utilizando um perfilador acústico. Toda informação obtida é transmitida para bordo e uma série de computadores vai registrando para posterior análise. 

Ainda neste ano, o Alpha Crucis partirá em mais uma expedição, dessa vez em direção ao Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes, em São Sebastião, no Litoral Norte do Estado. Trata-se de uma área de 67.479,29 hectares e os planos, em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, incluem o monitoramento da vida marinha local.

Alpha Delphini

Enquanto a tripulação e os pesquisadores do Alpha Crucis seguem para expedições, o outro navio do IO-USP, o Alpha Delphini, irá monitorar a água e sedimentos do canal de navegação do Porto.

O plano foi revelado pela diretora do IO-USP, Entre os itens que serão avaliados pelos pesquisadores estão os movimentos da lama fluida (camada de sedimentos com densidade próxima a da água e que pode facilitar a navegação), a qualidade da água e a circulação dos sedimentos. A ideia é de que essas verificações sejam feitas semanalmente e os dados, divulgados à comunidade marítima e à sociedade em geral.

Fonte: A Tribuna