Sem foro, tucanos correm pouco risco de serem presos

Sem foro, tucanos correm pouco risco de serem presos

Três tucanos, que governavam seus estados até a semana passada, perderam a prerrogativa de foro privilegiado. Geraldo Alckmin (São Paulo), Beto Richa (Paraná) e Marconi Perillo (Goiás). Porém, será que algum deles pode ser preso antes do fim do processo eleitoral deste ano?

DINHEIRO questionou dois especialistas em Direito Penal para saber qual a possibilidade de isso acontecer. E a conclusão é uma só. Muito pouca. Apesar de os inquéritos estarem prontos contra eles, nove ou dez meses é um período muito curto para que haja uma sentença na primeira instância. Além disso, mesmo que saia essa sentença, ela não impediria que os, agora, candidatos, tomassem posse do novo cargo, caso sejam eleitos. Assim, a única forma de algum deles ir para a cadeia em um futuro próximo é não se elegendo.

Casos

Segundo os juristas, cada caso tem sua peculiaridade e todos os tucanos estão em situações sensíveis. Alckmin, por exemplo, foi citado na delação da Odebrecht, chamada de “delação do fim do mundo”. Segundo os executivos da empreiteira, o cunhado do ex-governador, Adhemar César Ribeiro, recebeu R$ 10,3 milhões em propina por meio de caixa dois para as campanhas de 2010 a 2014.

Na última semana, um desdobramento da Lava Jato levou à prisão de Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, ex-diretor da Dersa (departamento rodoviário de SP). Ele é acusado de desviar R$ 7,7 milhões entre 2009 e 2011. A denúncia também aponta direcionamento do dinheiro para campanhas de Alckmin. A parte do tucano no processo corre em segredo de justiça no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Já Marconi Perillo foi denunciado em março do ano passado pela Procuradoria Geral da República (PGR). Segundo o inquérito, o empresário Fernando Cavendish, dono da construtora Delta, e o contraventor Carlinhos Cachoeira pagaram dívidas de campanha do tucano. Como contrapartida, contratos foram inflados para pagar o “favor”. Apesar da denúncia feita pela PGR, o STJ não a aceitou ainda.

Beto Richa, por sua vez, foi acusado de receber R$ 2,5 milhões da Odebrecht via caixa dois, em 2014. Ele também caiu na delação do fim do mundo. O processo foi suspenso pelo STF, pois como Richa era governador, o caso deveria tramitar no STJ.

Os três tucanos negam ter cometido os atos ilícitos pelos quais foram denunciados.

Fonte: Isto É Dinheiro