A ausência de equipamentos de sinalização de navegação para embarcações de pequeno e médio porte impulsionou a Hydro a apoiar projeto para desenvolver o mini-transponder, por meio da plataforma Conexões Sustentáveis. O Fundo de Sustentabilidade Hydro está apoiando um projeto tecnosocial para produção de mini-transponder no município de Barcarena. Desenvolvido pelo Instituto Açaí – Ciência e Cidadania na Amazônia (IACCA), o projeto visa atender as famílias ribeirinhas de Barcarena (comunidades vizinhas da ilha da Trambioca, Ilha Arapiranga e na localidade do Furo do Arrozal) entregando protótipos do equipamento sem custos. Inicialmente, 178 famílias ribeirinhas serão vinculadas ao projeto, que tem duração de 19 meses, e 80 equipamentos serão distribuídos.

Segundo o IACCA, destas famílias que serão diretamente beneficiadas, 42% usam como meio de trabalho a rabeta, sendo que do percentual de 51,7% dos ribeirinhos que utilizam os rios como meio de sobrevivência, 55,4% navegam à noite, o que aumenta a necessidade do equipamento para melhor visualização. Na mesma pesquisa foi constatado que 72,4% dos pescadores não utilizam nenhum item de segurança, como salva-vidas, e 51,1% deles já sofreram algum acidente com embarcações ou alguém da família.

“O mini-transponder é um equipamento de comunicação via rádio, que sinaliza de forma inteligente a aproximação entre as embarcações, evitando as colisões entre elas e tornando a navegação mais segura nos rios da Amazônia. Vamos investir inicialmente mais de R$ 200 mil no projeto, com ajuda do Fundo. A nossa meta é reduzir em até 60% as colisões nas embarcações com permanência do transponder instalado”, ressalta Gilberto Silva, presidente do IACCA.

O projeto nasceu em 2019 de uma ideia inicial do estudante Daniel Gonçalves da Silva, de 17 anos, filho do Gilberto, quando analisava dois acidentes que aconteceram por falha do transponder: o acidente com um avião de passageiros e um avião de pequeno porte, modelo Legacy, em 2006, matando 154 pessoas, e outro entre embarcações em Abaetetuba, à noite, com o naufrágio das duas embarcações e algumas mortes. “Foi tentando minimizar esses problemas recorrentes na região que desenvolvi este mini protótipo para embarcações comuns na região, com o apoio de um amigo programador. Encontrei alguns obstáculos pelo caminho, até chegar no modelo atual, e estou adaptando-o para usar a mesma frequência exigida pela Marinha para dispositivos de localização. Sempre me interessei pela criação de equipamentos, inclusive já desenvolvi outro projeto, para uma feira de ciências da escola, chamado o resgate de brinquedos antigos, em que eu desenvolvia e recriava alguns brinquedos utilizados por nossos pais”, relata Daniel.

Daniel, por conta do projeto, conseguiu uma bolsa de estudos integral no Sistema Inove de Educação, em Abaetetuba, e agora se tornou um pequeno empreendedor, proprietário da Startup Radar e Tecnologia LTDA. Agora em março vai apresentar seu projeto na FEBRACE (Feira Brasileira de Ciências e Engenharia), em São Paulo, e em junho na Genyus Olimpíadas, em Nova York.

Para o pescador Elisomar Barreto de Souza, que é morador da Ilha Trambioca, em Barcarena, e um dos beneficiados pelo projeto, “esta iniciativa vai dar mais segurança aos ribeirinhos que utilizam o rio como meio de navegação, principalmente à noite. Eu nunca sofri nenhum acidente, mas tenho vários amigos que já passaram por isso. Muitos desses acidentes não entram nos registros oficiais dos órgãos competentes. Por isso, é tão difícil quantificar e mais difícil ainda uma fiscalização na região ou suporte como este”.

Fonte: Portos e Navios