Presos em navios, milhares de tripulantes se desesperam por voltar para casa

Presos em navios, milhares de tripulantes se desesperam por voltar para casa

Não há novidades sobre repatriação. Tripulantes reclamam de confinamento forçado

Empresas de cruzeiros enviaram passageiros de volta aos seus países após travessias infernais, com surtos de coronavírus nos navios e negativas de atracar nos portos. Mas ainda falta resgatar dezenas de milhares de tripulantes, que continuam presos a bordo. Enquanto isso, aumentam os conflitos entre os tripulantes, muitos deixaram de receber salários, outros não têm acesso à internet e se acumulam as ações contra as empresas, que dizem estar diante de uma situação “incrivelmente complexa”.

Em 13 de março, os navios de cruzeiro receberam a ordem de “não navegar”. Os que tinham passageiros conseguiram desembarcá-los depois de negociações complicadas, mas os tripulantes que ficaram a bordo estão em um limbo desde então.

Somente em torno das águas americanas, há 104 cruzeiros com um total de 71.900 tripulantes a bordo, confirmou esta semana à AFP a Guarda Costeira americana. Entre passageiros e tripulantes, no total foram registrados 2.789 casos de coronavírus a bordo de 33 navios, segundo a Associação Internacional de Linhas de Cruzeiros.

Pagar pela internet

Os que trabalham para manter o navio operacional – marinheiros, pessoal de limpeza, cozinheiros, por exemplo -, ainda recebem salário, mas não quem fazia o entretenimento dos passageiros. Outros concluíram seus contratos e estão gastando suas economias. As companhias lhes fornecem hospedagem e comida, mas eles precisam pagar por itens como sabão e pasta de dentes. Em alguns casos, também para ter acesso à internet.

Companhias

As companhias de cruzeiro são acusadas de não se esforçarem para repatriar os trabalhadores porque os voos fretados são muito caros, o que as empresas negam. No cerne do problema, segundo a Royal Caribbean, está a letra miúda do acordo com o Centro de Controle de Doenças (CDC). Nele, a agência exige dos executivos das companhias de cruzeiro que sejam legalmente responsáveis – civil e criminalmente – se as normas de desembarque não forem obedecidas.

O presidente da Royal Caribbean disse que, dos 25.000 tripulantes que a empresa tem a bordo neste momento, mais de mil manifestaram o desejo de ficar. No entanto, repatriar os que querem partir é “incrivelmente complexo”, escreveu Bayley. “Nossa tripulação vem de mais de 60 países. Cada país tem normas e regulamentações diferentes sobre quem pode voltar para casa, e como e quando”. Alguns nem sequer aceitam a entrada de seus próprios cidadãos, afirmou.

A Carnival informou que está fazendo “progressos” e que repatriou milhares de tripulantes até o momento. No mês passado, trabalhadores da Celebrity Cruises apresentaram uma ação coletiva acusando a companhia de negligência e, na terça-feira, a família de um indonésio falecido por coronavírus após ter sido transferido a um hospital na Flórida processou a Royal Caribbean por homicídio culposo.

Fonte: AFP