Petroquímica Suape fecha 2014 com prejuízo de R$ 1,25 bilhão

A Petroquímica Suape, instalada em Pernambuco e controlada 100% pela Petrobras, teve prejuízo líquido de R$ 1,25 bilhão no ano passado, o equivalente a mais que o dobro da perda de R$ 555,3 milhões apurada em 2013, conforme demonstração financeira publicada no “Diário Oficial do Estado”.

O resultado final da petroquímica foi prejudicado por uma provisão para baixa contábil de R$ 677 milhões, decorrente da revisão do valor recuperável do ativo (“impairment”). Contribuíram ainda para o aumento do prejuízo anual ajustes relativos à baixa de créditos de impostos e ajustes no ativo imobilizado de R$ 36 milhões, decorrentes da Operação Lava-Jato.

A perda no valor de recuperação do ativo e os ajustes explicam também o prejuízo operacional de R$ 1,1 bilhão da petroquímica no ano passado, frente a resultado operacional negativo de R$ 389,3 milhões em 2013.

Ao mencionar a operação da Polícia Federal, que investiga um esquema de pagamento de propina na Petrobras, a Petroquímica Suape informa que “reconheceu no exercício social de 2014 uma baixa no montante de R$ 35,9 milhões de gastos capitalizados referente a valores pagos adicionalmente na aquisição de ativos imobilizados em períodos anteriores”.

A Petroquímica Suape integra, junto com a Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco (Citepe), o Complexo Industrial Químico-Têxtil (PQS) e produz ácido tereftálico (PTA), principal insumo para a fabricação de resina PET e filamentos de poliéster, em uma unidade que iniciou produção em 2013, com capacidade para 700 mil toneladas por ano.

A petroquímica é a única produtora de PTA na América Latina. Originalmente, Vicunha Têxtil, Polyenka, e FIT (Filament Tecnology) também integrariam o PQS, na área de fios sintéticos, porém acabaram abandonando o investimento – a Citepe é, atualmente, uma subsidiária integral da Petrobras. Já a italiana Mossi & Ghisolfi (M&G), que opera uma fábrica de resina PET em Cabo de Santo Agostinho (PE), teria sido convidada a participar do empreendimento, porém não aceitou.

A receita das operações continuadas da companhia subiu 63,2% no ano passado, para R$ 856,6 milhões, diante do início de operação da unidade de PET da Citepe, o “que permitiu o incremento imediato da carga operacional da fábrica de PTA”. O custo das vendas, por sua vez, avançou 37,5% na mesma comparação, para R$ 1 bilhão.

Em 2014, segundo o relatório, as vendas de PTA geraram receita bruta de R$ 912 milhões, com alta de 63%. A receita operacional líquida subiu 62%, para R$ 857 milhões, na mesma base de comparação, mas a margem bruta ficou negativa em R$ 144 milhões, ante resultado negativo de R$ 218 milhões em 2013.

Já o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ficou negativo em R$ 191 milhões no ano passado, frente a R$ 238 milhões negativos em 2013. O balanço não recebeu ressalva dos auditores independentes da PricewaterhouseCoopers (PwC).

Em relatório que acompanha as demonstrações financeiras, a petroquímica atribui os resultados a “uma operação com carga operacional média anual reduzida combinada a um cenário de baixas margens de comercialização no mercado internacional, fruto do excesso de capacidade de produção mundial”.

Para este ano, a Petroquímica Suape espera elevar sua carga operacional, na esteira da maior participação do PET brasileiro no mercado local.

Fonte: Valor Econômico