Petróleo opera em alta, à espera de estímulos monetários

Petróleo opera em alta, à espera de estímulos monetários

Os futuros de petróleo operam em forte alta nesta manhã, com os investidores aproveitando os preços baixos da commodity após uma semana volátil e ainda reagindo à sinalização de que o Banco Central Europeu (BCE) relaxará ainda mais sua política monetária.

Ontem, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, sugeriu que a instituição poderá adotar novas medidas de estímulos, talvez já na reunião de março, em meio à pressão que o petróleo barato tem exercido sobre a inflação da zona do euro.

“Os investidores gostaram da indicação do BCE de que poderá haver novos estímulos monetários”, comentaram analistas da JBC Energy, em nota a clientes.

Alguns operadores também especulam sobre a possibilidade de o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) ampliar seu programa de compra de ativos em reunião nos próximos dias 28 e 29, após um assessor do primeiro-ministro Shinzo Abe ter dito esta semana que as “condições para mais relaxamento estão no lugar”.

A possibilidade de mais estímulos por grandes bancos centrais também impulsiona as bolsas globais, contribuindo para o sentimento positivo nos mercados de petróleo. Na Ásia, a Bolsa de Tóquio fechou o pregão de hoje em alta de 5,88%, garantindo o maior ganho desde 9 de setembro do ano passado. Já na China, os mercados acionários avançaram mais de 1%. Na Europa, algumas bolsas sobem mais de 3% nos negócios da manhã.

Às 9h38 (de Brasília), o Brent para março subia 6,26, a US$ 31,08 por barril na plataforma eletrônica ICE, em Londres, enquanto o petróleo para o mesmo mês negociado na New York Mercantile Exchange (Nymex) avançava 5,11%, a US$ 31,04 por barril.

A recuperação da commodity ocorre apesar de o Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) norte-americano ter divulgado ontem que os estoques de petróleo bruto dos EUA subiram quase 4 milhões de barris na semana passada e que a produção do país avançou para mais de 9,2 milhões de barris por dia.

A sondagem do American Petroleum Institute (API, uma associação de refinarias), por outro lado, havia estimado um avanço ainda maior nos estoques, de 4,6 milhões de barris.

Diante disso, o rali do petróleo hoje surpreende alguns analistas.

“Às vezes, o mercado do petróleo funciona de forma misteriosa”, disse Michael Poulsen, da Global Risk management. “No entanto, a situação de excesso de oferta no curto prazo não mudou.”

O pessimismo com a perspectiva do petróleo, que em 2008 chegou a ultrapassar US$ 145 por barril, também está relacionada à postura de países como a Arábia Saudita e Rússia, que não estão dispostos a reduzir o forte ritmo de produção.

Além disso, o Irã se prepara para elevar suas exportações no curto prazo, depois de sanções internacionais impostas a Teerã terem sido levantadas no último fim de semana, como parte de um acordo para restringir o programa nuclear iraniano.

Fonte: Exame