Petrobras sob pressão: Defasagem de preço da gasolina no mercado desafia estratégias da estatal

Petrobras sob pressão: Defasagem de preço da gasolina no mercado desafia estratégias da estatal

A defasagem de preço da gasolina está pressionando a Petrobras no mercado brasileiro. Com 172 dias sem reajuste, a empresa enfrenta desafios frente à alta do petróleo e desvalorização do real. O diesel também está sendo afetado, sem aumento há 105 dias. Enquanto isso, concorrentes como a Acelen adotam reajustes semanais, destacando as diferenças estratégicas no mercado. Além disso, novos embates políticos aumentam incertezas sobre a continuidade da política de preços da estatal, enquanto analistas do mercado alertam para os possíveis impactos dessas disputas no cenário futuro.

Preço da gasolina continua em defasagem no mercado nacional

A Petrobras está enfrentando uma nova preocupação com a defasagem do preço da gasolina em relação ao mercado internacional, o que pode gerar impactos futuros em suas operações. Nos últimos dias, houve uma leve redução na defasagem, que agora está em média de 16%, em comparação com os 19% registrados anteriormente nos principais polos de importação do Brasil.

O preço da gasolina no país tem sido influenciado não apenas pela defasagem em relação ao mercado global, mas também pela desvalorização do real frente ao dólar. Esse cenário do mercado coloca a Petrobras em uma posição complicada, já que a estatal está há 172 dias sem reajustar os preços da gasolina. De acordo com a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), durante 64 desses dias, a possibilidade de importação esteve completamente fechada.

Além da gasolina, o diesel também enfrenta desafios no mercado, embora em menor escala, com uma defasagem média de 11%. Não houve aumento nos preços do diesel há 105 dias, e as importações também estão paradas. Essa situação reflete a tendência de alta nos preços do petróleo tipo Brent, que têm oscilado em torno de US$ 90 o barril.

Outras empresas do mercado adotam novas medidas para a defasagem do produto

Enquanto a Petrobras mantém uma postura de não reajustar os preços há um longo período, outras empresas do setor adotaram estratégias diferentes. A Acelen, por exemplo, controladora da Refinaria de Mataripe, na Bahia, realiza reajustes semanais e apresenta uma defasagem de apenas 8% nos preços da gasolina e do diesel, segundo informações da Abicom.

Desde maio do ano passado, a Petrobras modificou sua abordagem em relação aos reajustes de preços, abandonando a política de paridade de importação (PPI). A empresa afirma que os reajustes seguem critérios técnicos e são de responsabilidade da diretoria, embora o conselho de administração possa solicitar explicações sobre a evolução dos preços, o que está previsto para ocorrer na próxima reunião.

Além do cenário econômico atual, recentes embates políticos levantaram especulações sobre uma possível demissão do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates. Essa instabilidade política poderia influenciar uma eventual alta nos preços dos combustíveis, abrindo espaço para críticas maiores ao presidente da estatal.

Analistas do mercado também expressam preocupações quanto à capacidade da Petrobras de manter sua política de preços diante de pressões políticas. A defasagem na gasolina, que já ultrapassa os dois dígitos percentuais em relação aos preços no Golfo, pode ser agravada por disputas políticas internas, diminuindo o capital político necessário para a empresa seguir sua política de preços.

A próxima reunião do conselho está agendada para coincidir com a Assembleia Geral Ordinária da Petrobras, em 25 de abril. No entanto, não está descartada a possibilidade de uma convocação extraordinária para discutir os preços dos combustíveis. Resta ao mercado continuar atento aos passos da companhia.