Petrobras, Pampa e YPF se juntam para explorar gás na Patagônia

Petrobras, Pampa e YPF se juntam para explorar gás na Patagônia

A Pampa Energia, empresa que ficou com os ativos que a Petrobras vendeu na Argentina, a petrolífera estatal argentina YPF e a própria Petrobras se juntaram num grande projeto de exploração de gás em Río Neuquén, na região da Patagônia. Cada uma investirá em torno de US$ 150 milhões, segundo informações da Pampa Energia, para explorar o gás não convencional chamado “tight gas”, encontrado em formações pouco permeáveis.

Para que essa associação fosse possível, depois de fechar negócio com a Petrobras, a Pampa organizou um peculiar jogo de troca de ativos. A empresa argentina vendeu à YPF e à própria Petrobras uma parte do que comprou da empresa brasileira. Em comunicado, a Pampa esclareceu que, com o objetivo de desenvolver rapidamente a região, decidiu associar-se à YPF e Petrobras e, assim, vendeu um terço da área Río Neuquén a cada uma. “São duas das empresas de maior prestígio e experiência”, destaca a nota.

Ao mesmo tempo, a companhia refutou informações que circularam no Brasil e na Argentina, dando conta de que a Pampa teria intenções de continuar a vender os ativos adquiridos da Petrobras. Segundo porta-voz da empresa, no caso da exploração de gás em Río Neuquén, trata-se de um caso específico, voltado a um projeto, que demanda alto investimento. Daí a associação das três empresas.

No mesmo comunicado, a empresa também esclarece outro ponto que teria provocado a especulação. A legislação argentina proíbe que uma empresa produtora de gás detenha o controle do transporte do produto. Por isso, ao comprar a parte da Petrobras na Transportadora de Gas del Sur (TGS), a Pampa viu-se obrigada a colocar sua parte à venda (25,5%).

A YPF informou que fechou com a Pampa um acordo por meio do qual a Petrobras Argentina cede à YPF participação nas concessões de exploração na região de Neuquén, onde há grande potencial de exploração de gás tipo “tight” e de xisto. Para isso, segundo a empresa petrolífera, a YPF concedeu à Pampa empréstimo de US$ 140 milhões.

Interessada na exploração de gás não convencional, a Petrobras decidiu não se desfazer totalmente dos ativos que tinha na Argentina. Por isso, ficou com um terço da concessão de Rio Neuquén.

Os demais ativos que a Petrobras tinha na Argentina foram vendidos à Pampa por US$ 892 milhões. O pacote abrange áreas de exploração de petróleo, uma refinaria em Bahía Blanca, ao sul do país, uma rede de estações de serviço, uma central térmica e unidades de produção petroquímicas, além da participação na transportadora de gás.

A Pampa prepara-se, agora, para unificar os ativos, o que envolve, principalmente, a mudança visual dos postos de serviços. Segundo a empresa, essa alteração será concluída em 18 meses.

Depois de fechar acordo com a Petrobras, no início de maio, o presidente e proprietário da Pampa, Marcelo Mindlin, reuniu-se com o presidente da Argentina, Mauricio Macri, para anunciar os projetos no setor, principalmente a associação das três empresas para investir na exploração de gás na Patagônia.

A Pampa Energia faz parte de um grande conglomerado da área de geração e distribuição de energia. Sob controle do grupo está a Edenor, uma das principais distribuidoras de energia da Argentina, que ganhou perspectivas de expansão com a mudança de governo no país. Uma das primeiras decisões de Macri foi começar a reduzir os subsídios em tarifas públicas, uma das marcas do populismo implantado durante o ciclo kirchnerista e que retardou investimentos no setor.

Fonte: Valor Economico