O que as companhias de cruzeiros estão fazendo para reduzir seus impactos ambientais

O que as companhias de cruzeiros estão fazendo para reduzir seus impactos ambientais

A atual temporada de cruzeiros no Brasil, que vai até maio de 2023, será a maior dos últimos dez anos, segundo a Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (CLIA Brasil). Com a incorporação de mais um navio, totalizando nove embarcações das empresas Costa e MSC, o número de leitos ofertados na temporada é de 780 mil, o que representa 47% a mais do que em 2019/2020.

A expectativa é que sejam criados 48 mil postos de trabalho, gerando um impacto econômico de R$ 3,8 bilhões na economia nacional, resultado dos gastos das empresas, dos tripulantes e dos turistas nas cidades portuárias de destino e embarque/desembarque, movimentando setores de compras, alimentos e bebidas, transporte antes e depois da viagem, passeios turísticos e hospedagem antes ou após o cruzeiro.

Depois de anos difíceis causados pela pandemia de covid-19, os números são um alento para quem trabalha direta ou indiretamente com turismo. Mas existe um lado menos visível que importa tanto quanto e que anda sofrendo com as viagens marítimas. Um estudo de 2021 da Universidade de Exeter, publicado na revista Science Direct, revisou várias fontes de informação para estimar a magnitude das pegadas ambientais e de saúde pública da indústria de cruzeiros.

“A pesquisa mostra que, apesar dos avanços técnicos e de alguns programas de vigilância, o cruzeiro continua sendo uma importante fonte de poluição do ar, da água (doce e marinha) e da terra, afetando habitats, áreas e espécies frágeis, e uma fonte potencial de riscos físicos e mentais à saúde humana”, afirma o artigo.

Cruzeiros de luxo gigantes emitem 10 vezes mais poluentes do que todos os 260 milhões de carros da Europa em 2017, segundo análise feita pelo grupo de transporte sustentável Transport & Environment, usando como referência as duas maiores operadoras de cruzeiros de luxo (Carnival Corporation e Royal Caribbean Cruises). As emissões de óxido de enxofre formam aerossóis de sulfato, que contribuem para a acidificação em ambientes terrestres e aquáticos e aumentam os riscos à saúde humana.

Esses riscos, de acordo com o artigo científico, afetam tanto as pessoas a bordo — tripulação e passageiros — como em terra — trabalhadores de estaleiros onde são desmantelados navios de cruzeiro e cidadãos que moram nas cidades com portos e estaleiros de cruzeiros. Por isso, os autores defendem que a indústria de cruzeiros deve ser responsabilizada por mais monitoramento e regulamentação para prevenir ou minimizar os crescentes impactos negativos que vem causando.

Para melhorar esse cenário, a CLIA, que segue as diretrizes da Organização Marítima Internacional (IMO) e do Green Deal da Europa, tem a meta de reduzir a emissão de carbono em 40% até 2030, comparado aos níveis de 2008, chegando a 100% em 2050, tanto na operação do navio quanto na fabricação do combustível. Em entrevista para o Um Só Planeta, as companhias Costa e MSC contaram as medidas que têm adotado para melhorar sua pegada ambiental em termos de alimentação, emissão de gases estufa, uso e reúso de água, manejo de resíduos sólidos e da água de lastro, uso de energias renováveis e controle da poluição.

Em nota, a Costa Cruzeiros informa que possui uma estratégia de sustentabilidade focada em quatro áreas temáticas, nove tópicos e 21 objetivos, em linha com a Agenda 2030 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Com base nos seus compromissos ESG (governança ambiental, social e corporativa), a empresa identificou quatro prioridades: avançar para a neutralidade climática, regenerar recursos, capacitar pessoas e construir um ecossistema transformador.

Em 2022, o Grupo Costa anunciou a criação de um departamento dedicado à descarbonização, com o objetivo de desenvolver e implementar a estratégia para atingir as ambições de descarbonização das frotas Costa e AIDA até 2050. O trabalho será focado em pesquisa e desenvolvimento, gerenciamento de energia e análise de dados para o fomento de roteiros com emissão zero, estudando e testando novas tecnologias, como baterias, células a combustível, energias solar e eólica, para acelerar sua disponibilidade.

Fonte: Um Só Planeta