Mesmo com pandemia, Porto de Pecém bate recordes de movimentação

Mesmo com pandemia, Porto de Pecém bate recordes de movimentação

Mesmo diante de um ano marcado pela crise gerada pelo coronavírus, com queda de demanda, escassez de matéria-prima, e restrições para circulação de mercadorias, dentre outros entraves, o Porto do Pecém vem batendo recordes na movimentação de carga. O resultado vem sendo puxado principalmente pela cabotagem (navegação entre portos brasileiros) e pelas exportações de frutas. E, com essa recuperação, a expectativa é fechar o ano com crescimento na operação de contêineres.

Em outubro, o porto bateu, pelo segundo mês seguido, o recorde na movimentação mensal, com o embarque e desembarque de 46.705 TEUs (unidade equivalente a 1 contêiner de 20 pés). O resultado foi 19,1% maior que o recorde anterior, registrado em setembro (39.207 TEUs). Até então, o melhor resultado havia sido em outubro do ano passado (36.425 TEUs). No décimo mês de 2020, o Porto registrou a maior movimentação mensal de placas de aço no ano, com avanço de 5,9% em relação a outubro de 2019.

Segundo Daniel Rose, diretor superintendente da APM Terminals Pecém, empresa que movimenta todos os contêineres que passam pelo porto, hoje, a atividade portuária está bem acima das expectativas que os operadores tinham durante os piores meses da crise. “Considerando tudo o que aconteceu, estamos bem melhores do que achávamos que estaríamos agora. Tivemos uma exportação de frutas realmente muito boa, o dobro do ano passado. Então, estamos muito satisfeitos”.

Cabotagem

O incremento na movimentação de contêineres neste ano está fortemente relacionado com crescimento da cabotagem, com o embarque e desembarque de produtos diversos, e pelo envio de frutas ao exterior. Considerando a movimentação total (contêineres e granéis e cargas soltas) até setembro, o Porto do Pecém movimentou 11.562.977 toneladas, o equivalente a 63,8% do total movimentado em 2019 (18.100.767 toneladas).

De acordo com Daniel Rose, o volume movimentado por cabotagem registrou forte queda no segundo trimestres, mas tão logo as atividades foram gradualmente retomadas, a movimentação voltou rapidamente, com o retorno de linhas que haviam sido suspensas. “No meio do ano, estávamos um pouco pessimistas, mas em agosto o fluxo voltou com muita força. Tivemos um mês de julho muito ruim e, de agosto para a frente, voltou com força, principalmente cargas para a construção civil e eletrodomésticos em geral. As linhas da Aliança que haviam sido suspensas voltaram em julho”.

De acordo com a APM Terminals, a navegação por cabotagem responde, hoje, por 70% dos contêineres movimentados pela companhia no Pecém. “Acredito que esse movimento tenha sido provocado pelo aumento dos custos do frete, e pela forte demanda por produtos para a casa, como ar-condicionados, máquinas de lavar, dentre outros, produzidos na Zona Franca de Manaus”, diz Rose.

Segundo Raul Viana, gerente de Negócios Portuários do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, as operações de cabotagem e a safra de frutas de 2020/2021 foram os dois principais motivos para essa alta nos números no segundo semestre. Considerando a média mensal, no entanto, o porto movimentou 1,284 milhões de toneladas, até setembro, contra 1,508 milhões de toneladas em 2019, o que representa uma retração de 14,8%.

Expectativa para 2021

Rose diz que, inicialmente, não havia previsão de crescimento da movimentação neste ano, mas que agora, após a rápida recuperação, a expectativa é fechar o ano com 370 mil TEUs movimentados, volume 5,1% superior ao de 2019 (353 mil TEUs). Para 2021, apesar das incertezas e pouca visibilidade sobre o cenário macroeconômico no futuro próximo, Rose diz que a expectativa é de que haja um crescimento “saudável”.

“Nós vemos 2021 com muita incerteza ainda. Mas acreditamos que a cabotagem vai continuar a crescer, que vamos continuar a ver essa mudança do rodoviário para a cabotagem. E mesmo com toda essa incerteza, ainda acreditamos que podemos ficar com um crescimento saudável em torno de 5% para navegação de longo curso e de 10% para a cabotagem”, diz Rose.

Sobre a possibilidade de uma eventual nova paralisação das atividades econômicas devido a uma segunda onda de contaminação nos próximos meses, Rose acredita ser improvável que haja um novo fechamento como o que ocorreu no primeiro semestre. “Pensamos que não irá haver um fechamento total. Isso não significa que algumas atividades de alguns locais possam fechar. A Europa, por exemplo, fechou bastante coisa agora, mas a indústria continua. Além disso, os números do covid de casos e mortes estão bem menores do que antes. Então não contemplamos um novo fechamento total”, diz.

Fonte: Diário do Nordeste