Grupo OAS põe à venda parte do Estaleiro Enseada

Grupo OAS põe à venda parte do Estaleiro Enseada

O Grupo OAS apresentou na última segunda-feira (31) um pedido de recuperação judicial de nove das suas empresas à Justiça do Estado de São Paulo. O grupo surpreendeu ao colocar à venda 50% dos seus ativos na Arena Fonte Nova e 17% do Estaleiro Enseada, no Recôncavo, entre outros, como 100% dos seus ativos da Arena das Dunas, em Natal. As duas arenas foram palco da Copa do Mundo de 2014.

Segundo disse a empresa em comunicado, a iniciativa foi o melhor caminho encontrado pelo grupo para renegociar suas dívidas com credores e fornecedores diante da intensa restrição de crédito verificada desde o final do ano passado”. A empresa é investigada na Operação Lava Jato.

As nove empresas incluídas na recuperação distribuem-se entre a OAS S.A, a OAS Construtora e a OAS Empreendimentos, cujas dívidas totais somam R$ 7,027 bilhões, sendo R$ 1,5 bilhão a ser pago nos próximos 12 meses. Do total do débito, R$ 4,816 bilhões, ou 69% do valor, referem-se a bônus emitidos a investidores internacionais, R$ 1,01 bilhão são devidos a bancos e R$ 806 milhões débitos com investidores do mercado local.

As dívidas com projetos, de cerca de R$ 1,235 bilhões, ficaram fora da recuperação, segundo explicou a companhia. A OAS informou que decidiu concentrar esforços na construção pesada, “sua maior vocação”.

“O setor de infraestrutura depende de financiamento intenso de capital para o desenvolvimento dos projetos que dão suporte ao crescimento econômico do País. Desde o início das investigações na Petrobras, as instituições financeiras têm sistematicamente restringido o acesso das empresas aos recursos necessários para a manutenção das obras Com quase 40 anos de vida, a OAS se vê impelida a tomar medidas que lhe permitam continuar a operar num processo saudável de renegociação das dívidas, preservando milhares de empregos diretos e indiretos”, afirma Fabio Yonamine, presidente da OAS Investimentos, no comunicado.

A OAS diz ainda na nota “que levará à mesa desse processo contribuições muito distintas das observadas em outras Recuperações Judiciais”. E se diz uma companhia “com recursos para manter suas atividades, ativos valorosos e uma equipe de gestores profissionais oferece a clientes, credores e fornecedores um ambiente muito mais seguro para as negociações”.

“Vamos vender os nossos ativos num processo de Recuperação Judicial para dar segurança aos investidores de que não correrão risco de ter seu negócio contestado na Justiça pelos credores da OAS. O desinvestimento em ativos é motivado também pela decisão de priorizar o core business do Grupo, que é o nosso braço de construção pesada, a Construtora OAS”, afirma Diego Barreto, diretor de Desenvolvimento Corporativo da Construtora OAS.

Serão colocadas à venda a participação da OAS S.A. na Invepar (24,44% do negócio), a fatia no Estaleiro Enseada (17,5%), a OAS Empreendimentos (80%), a OAS Soluções Ambientais (100%), a OAS Óleo e Gás (61%) e a OAS Defesa (100%). Também serão negociadas a Arena Fonte Nova (50%) e a Arena das Dunas (100%).

Segundo Barreto, a Construtora OAS entrou com pedido de Recuperação Judicial “por questões técnicas, já que é garantidora dos financiamentos do grupo, não por falta de liquidez”, problema que atingiu as outras empresas incluídas no pedido (OAS S.A., OAS Imóveis S.A., SPE Gestão e Exploração de Arenas Multiuso, OAS Empreendimentos S.A., OAS Infraestrutura S.A., OAS Investments Ltd., OAS Investments GmbH e OAS Finance Ltd.).

Depois do deferimento do pedido de recuperação pelo Judiciário, a OAS terá 60 dias para apresentar o plano de reestruturação dos débitos aos credores e fornecedores, que terão mais 120 dias para discutir e aprovar a proposta. As dívidas contraídas até está terça-feira, 31 de março, serão congeladas e renegociadas.

“Todas as que forem feitas a partir do mês de abril serão integralmente cumpridas. Pagamentos de salários e benefícios de colaboradores não serão afetados pelo processo de Recuperação Judicial. De forma direta ou indireta, são mais de 100 mil colaboradores envolvidos”, informou aa nota.

O comunicado esclarece ainda que o pedido de Recuperação Judicial não “inclui as Sociedades de Propósito Específico (SPEs) da OAS Empreendimentos, que são responsáveis pela incorporação e construção de empreendimentos imobiliários em vários Estados brasileiros. Dessa forma, todos os compradores de imóveis não serão afetados por qualquer acordo estabelecido dentro da Recuperação Judicial”.

Também foram excluídas da Recuperação Judicial a Arena das Dunas, a Arena Fonte Nova, a OAS Soluções Ambientais e a OAS Óleo e Gás, além das participações da OAS na concessionária Porto Novo, no Estaleiro Enseada, na OAS Logística, na OAS Energy e na OAS Defesa.

Fonte: Correio da Bahia