Desemprego sobe para 6,2% em março, a maior taxa em 4 anos, e renda cai

Desemprego sobe para 6,2% em março, a maior taxa em 4 anos, e renda cai

Foi a terceira alta seguida do índice, influenciada pela desaceleração da economia, segundo o IBGE

O mercado de trabalho voltou a apresentar alta do desemprego. Em março, a taxa de desocupação nas seis regiões metropolitanas (Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre) pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, ficou em 6,2%. A expectativas de analistas de mercado ouvidos pela agência Bloomberg variavam entre 5% e 6,4%, com o centro das projeções em 6,1%. Foi a terceira alta consecutiva do desemprego. É a maior taxa para o mês desde março de 2011, quando foi de 6,5%, e, considerando todos os meses, a mais alta desde maio de 2011 (6,4%).

Segundo Maria Lucia Vieira, gerente do IBGE, a alta do desemprego está ligada a um movimento típico que ocorre nos três primeiros meses do ano e à conjuntura econômica mais difícil.

— Nem todos que estão perdendo o emprego estão conseguindo se recolocar. Existe um efeito de dispensa de temporários e da conjuntura econômica — afirma.

A renda média do trabalho ficou em R$ 2.134,60, em queda real de 2,8% frente ao mês anterior. E 3% em relação a março de 2014. A renda caiu em todas as regiões na comparação com fevereiro. A maior queda percentual ocorreu em Salvador (-6,8%). No Rio, o rendimento médio ficou em 2,6% menor.

Foi o segundo mês consecutivo de queda no salário nominal e real frente ao mês anterior. A queda real de 2,8% em relação a fevereiro foi a maior variação percentual negativa desde janeiro de 2003 (-4,3%). Em termos nominais, houve recuo de 1,3%, mais forte que no mês anterior, quando tinha sido de -0,3%. Já o recuo de 3% em relação ao mesmo mês do ano passado foi o mais forte desde fevereiro de 2004, quando a renda caiu 4,8%.

— São pessoas recebendo salários ou remunerações menores. Pode ser que a pessoa que perdeu emprego agora receba menos em outra ocupação. Não temos como afirmar que é menor poder de barganha das pessoas, tanto o empregado com carteira quanto o sem carteira quanto o conta própria estão recebendo menos — explica Maria Lucia.

O contingente de desocupados nas seis regiões era de 1,5 milhão de pessoas em março. Houve queda na ocupação — a quarta consecutiva em relação ao mês anterior —, enquanto a força de trabalho registrou alta de 0,1% frente a fevereiro e de 0,3% em relação a março de 2014, o que o instituto considera estatisticamente estável.

 

Houve recuo no emprego com e sem carteira assinada, ao passo que aumentou número de trabalhadores por conta própria: frente a fevereiro, alta de 2% e a março de 2014, de 2,3%.

Em fevereiro, taxa havia ficado em 5,9%

Por grupamento de atividade, o comércio registrou queda de 1,9%, o que significou menos 83 mil postos a menos em relação a fevereiro, alta de 0,6% em relação a março de 2014. Já a indústria teve avanço de 0,6% frente a fevereiro e queda de 6,3% em relação ao mesmo mês de 2014.

Em fevereiro, a PME tinha apontado uma taxa de 5,9%, a maior taxa para meses de fevereiro desde 2011, quando foi de 6,4%. Considerando todos os meses mês, foi a mais alta desde junho de 2013 (6%). Em janeiro deste ano, havia sido de 5,3%.

Nessa mesma pesquisa, o rendimento médio real dos trabalhadores caiu 1,4% frente a janeiro e 0,5% em relação a fevereiro de 2014, para R$ 2.163,20. Foi a primeira variação negativa na comparação interanual desde outubro de 2011, quando houve recuo de -0,3%. É também a maior desde maio de 2005, quando o recuo no rendimento chegou a 0,7%.

Em outra pesquisa, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal, que cobre cerca de 3.500 municípios, a taxa de desemprego no trimestre encerrado em fevereiro foi de 7,4%. A taxa de desemprego no Brasil tinha sido de 6,8% no trimestre encerrado em janeiro.

No trimestre encerrado em fevereiro do ano passado, também tinha sido de 6,8%. Entre setembro e novembro, o desemprego havia ficado em 6,5%. O objetivo do IBGE é substituir a PME pelo levantamento nacional, criado em 2012 e que, até ano passado, não contava com números sobre a renda.

Fonte: O Globo / Clarice Spitz