Após surto de covid-19, petroleiros param em MG e cobram Petrobras

Após surto de covid-19, petroleiros param em MG e cobram Petrobras

Com mais de 200 casos de covid-19 entre funcionários contratados e terceirizados, os petroleiros da refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, anunciaram que entrarão em greve por tempo indeterminado a partir desta segunda-feira (22). Na semana passada, petroleiros do Rio de Janeiro também pediram que a estatal ofereça mais segurança em plataformas alegando que o risco de exposição ao coronavírus para os trabalhadores é alto.

Em um comunicado, o Sindipetro-MG (Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais) informou que pediu ao MPT (Ministério Público do Trabalho) que a Petrobras seja chamada a prestar esclarecimentos sobre o avanço da doença na refinaria.

Segundo levantamento da entidade, na semana de 15 de março foram registrados mais de 100 casos positivos no local, sendo 84 deles de um mesmo setor. Desses, 11 funcionários seguem internados por complicações.

Atualmente a Regap passa por uma parada de manutenção, o que gerou um grande número de pessoas no local, incluindo profissionais de outros estados. A manutenção começou em 28 de fevereiro e deve durar 30 dias. Devido a isso, houve um aumento presencial de mais de 2 mil trabalhadores, um efetivo que quase dobrou o tamanho.

Para o sindicato, o aumento na circulação de trabalhadores coloca todo o efetivo em risco. A entidade alega que conversou desde o início do ano com a gerência local afirmando que “que não haveria possibilidade de manter” a manutenção “sem que os trabalhadores, ao cumprirem seu serviço, se vissem expostos a altas taxas de contaminação”.

O UOL procurou a Petrobras para pedir o posicionamento da empresa, mas ainda não teve resposta.

Todas as regiões do estado de Minas Gerais estão na onda roxa, após decreto do governador Romeu Zema (Novo). A medida visa reduzir a circulação de pessoas para tentar conter a transmissão da covid-19 e conter o colapso do sistema de Saúde. O estado vive, atualmente, o momento mais grave desde o início da pandemia, em março do ano passado.

No Rio, petroleiros também cobram mais segurança

A cobrança por mais segurança no trabalho também é reivindicada por petroleiros no Rio de Janeiro. Na última quinta-feira (18), os petroleiros da Bacia de Campos também pediram ao MPT que a estatal apresente ações para combater a covid-19 em plataformas.

Levantamento da Reuters, com base em dados da ANP (Agência Nacional de Petróleo), mostra que os casos de covid-19 em plataformas de petróleo e gás do Brasil voltaram a apresentar tendência de alta desde o início de março, revertendo um movimento de queda visto no início do ano.

O diretor do departamento de saúde e meio ambiente do Sindipetro Norte Fluminense, Alexandre Oliveira, afirmou à Reuters que, mesmo nas plataformas operando com 70% da capacidade, em média, é grande o trânsito de trabalhadores. “Essa redução de pessoal é fantasiosa, ainda tem muita gente embarcada junta”, disse, citando uma das medidas que a Petrobras adota para minimizar os riscos.

Os petroleiros querem que a Petrobras apresente protocolos mais rigorosos, como testes em três momentos distintos: no embarque, na metade do período da escala e no desembarque. Atualmente, a empresa realiza a testagem somente no embarque às plataformas.

À Reuters, a Petrobras confirmou a ocorrência de casos de covid-19 em algumas plataformas, mas disse que segue protocolos de segurança, mediante os quais isola e desembarca qualquer profissional com sintomas e seus contactantes.

“Assim que o primeiro colaborador reporta sintomas às equipes de saúde a bordo, são tomadas as providências para isolamento, rastreio de contactantes e desembarque”, disse a petroleira, acrescentando que são realizados testes preventivos das equipes a bordo das plataformas.

Fonte: UOL