
Porto do Açu receberá investimentos na ordem de R$ 1,494 bi para obras de infraestrutura
Empreendimento conta com dois terminais, um offshore e outro onshore. O porto–indústria está localizado próximo à área responsável por 85% da produção de petróleo e gás do Brasil
O Superporto do Açu, ou simplesmente Porto do Açu, é um empreendimento gerado para funcionar como centro logístico de exportação e importação para as regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil. Com 17 km de píeres, que poderão receber até 47 embarcações, o Porto do Açu, localizado no município de São João da Barra, na região Norte do Estado do Rio de Janeiro, está prestes a entrar em operação.
Projetado com base no moderno conceito porto-indústria, o Porto do Açu será um dos principais empreendimentos do Brasil, principalmente por estar localizado próximo à área responsável por 85% da produção de petróleo e gás no país. Na região portuária serão instaladas indústrias offshore, polo metalomecânico, base de estocagem para granéis líquidos, estaleiros, base para tratamento de petróleo, termoelétricas, pátio logístico, plantas de pelotização de minério de ferro, entre outros.
Atualmente, a Prumo Logística, ex-LLX, é a empresa privada brasileira que constrói e desenvolve o Porto do Açu. A companhia já foi o braço de logística do grupo EBX, de Eike Batista. Por ser considerada umas das empresas mais saudáveis do grupo, a solução encontrada pelo empresário diante da crise, no ano passado, foi se desfazer de seus ativos.
Após novas aquisições em infraestrutura, a região portuária se prepara para receber navios de grande porte, como Capesize e Very Large Crude Carrier (VLCCs), que transportam até 320 mil toneladas de carga. Com construção iniciada em outubro de 2007 e área total de 90 km², o empreendimento é formado pelo Terminal 1 (T1 – offshore) e pelo Terminal 2 (T2 – onshore).
O SINCOMAM conversou com a diretora de Operações da Prumo, Cristiane Marsillac, que abordou sobre os investimentos no complexo portuário, o projeto em execução e os desafios enfrentados para a conclusão das obras.
Revista SINCOMAM – Me fale sobre o projeto do Porto do Açu.
Cristiane Marsillac – O Porto do Açu em São João da Barra, no norte fluminense, está prestes a entrar em operação. Com construção iniciada em outubro de 2007 e área de 90 km², o empreendimento é formado pelo Terminal 1 (T1 – offshore) e pelo Terminal 2 (T2 – onshore).
O T1 será composto por uma ponte de acesso com 3 quilômetros de extensão, píer de rebocadores, 9 píeres para movimentação de minério de ferro e petróleo, canal de acesso e bacia de evolução. Destes, a ponte, 2 píeres para minério de ferro, o píer de rebocadores, o canal de acesso e a bacia de evolução já estão concluídos. O 1º embarque de minério no Porto do Açu está previsto para o segundo semestre deste ano.
O T2 está sendo instalado no entorno de um canal para navegação, que conta com 6,5 km de extensão, 300 metros de largura e profundidade atual de 7,5 metros (chegando a 10 metros). No local estão em andamento às obras para construção do canal de acesso, bacia de evolução, construção dos blocos de concreto que serão utilizados no quebra-mar e a implantação da linha de transmissão. Com mais de 13 quilômetros de cais, o T2 irá movimentar ferro gusa, carvão mineral, veículos, granéis líquidos e sólidos, carga geral e petróleo.
O Porto do Açu está estrategicamente localizado na região Sudeste do país, responsável por aproximadamente 75% do PIB brasileiro. Fica no norte do estado do Rio de Janeiro, a aproximadamente 150 km da Bacia de Campos, onde 85% do petróleo brasileiro é produzido.
Em junho deste ano iniciamos as operações do Porto do Açu com as unidades dos nossos clientes já instalados no canal do T2.
R.S. – Qual é o real investimento do Porto do Açu?
Cristiane – Para este ano, o valor previsto para investimento da Prumo no Porto do Açu é de R$ 1,494 bilhão. Desde o início da construção, em 2007, até março deste ano, já foram aplicados R$ 5,8 bilhões no empreendimento. O início de operação do Porto do Açu está previsto para as próximas semanas, com a operação de unidades dos nossos clientes já instalados no canal do Terminal 2. A construção do Complexo Industrial do Porto do Açu continuará se desenvolvendo com as obras de infraestrutura (pavimentação, rede de esgotos, água, iluminação, etc) e a ocupação de sua retroárea pelas empresas.
R.S. – Com a construção do Porto de Açu, quais são os impactos sociais e financeiros que foram gerados a cidade de São João da Barra?
Cristiane – O Porto do Açu é um investimento privado na área de infraestrutura que beneficiará toda a logística do Brasil, reduzindo custos e desobstruindo Portos e terminais congestionados na costa brasileira. As obras para construção empregam hoje cerca de 9.500 pessoas, gerando emprego e renda para toda a região do Norte Fluminense.
No Porto do Açu já foram investidos R$ 5,8 bilhões e as empresas que estão se instalando no Porto estão investindo, adicionalmente, cerca de R$ 2,7 bilhões na construção de suas unidades industriais. Tudo isto contribui para o crescimento da arrecadação de impostos e gera oportunidades para o desenvolvimento da região. Um exemplo é que a arrecadação de ISS (Imposto Sobre Serviços) em São João da Barra saltou de R$ 750.186,89 em 2005, para R$ 33.604.357,40 em 2012, o que representa um crescimento de 4.379,46%.
R.S. – Qual é a relação entre LLX, Prumo e Eike Batista?
Cristiane – Em outubro de 2013, o Grupo EIG, fundo americano que atua nas áreas de energia e infraestrutura, participou de uma operação de aumento de capital que injetou R$ 1,3 bilhão no caixa da Prumo.
Em dezembro de 2013, a LLX passou a se chamar Prumo e a ser controlada pela EIG. A mudança de nome e de controle não alterou em nada a construção do Porto do Açu, que segue com obras avançadas. A EIG possui hoje 53% de participação no capital social da Prumo e é quem controla a companhia. O empresário Eike Batista detém 20,9% da companhia.
R.S. – Houve negociações para as desapropriações de terras dos agricultores do V Distrito de São João da Barra. Quais são as implicações deste processo?
Cristiane – O processo de desapropriação é realizado pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro e conduzido pela Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro – Codin. O Distrito Industrial de São João da Barra, o 11º criado pela Codin no estado, irá possibilitar a instalação de uma série de indústrias no entorno do empreendimento. Esta sinergia irá oferecer competitividade logística às empresas e gerar empregos.
R.S. – Há especulações em torno de uma possível venda do Porto de Açu. Você acredita que isso pode ocorrer?
Cristiane – Não há especulações sobre venda do Porto do Açu. Em outubro do ano passado o Grupo EIG, fundo americano que atua nas áreas de energia e infraestrutura, por meio de um aporte de capital, assumiu o controle da empresa. Diversas novas empresas estão interessadas em se instalar no Porto do Açu e as negociações estão em andamento. Infelizmente, por força dos nossos entendimentos confidenciais não será possível citar os nomes das empresas. A Companhia manterá o mercado informado sobre futuros novos contratos.
R.S. – Por que o Porto do Açu pode ser considerado a maior base logística para o desenvolvimento das reservas de pré-sal?
Cristiane – O Porto do Açu possui características únicas, como grande profundidade, localização estratégica e infraestrutura eficiente, e se apresenta como a principal solução para a instalação de empresas do setor de O&G gerando redução de custo e maior produtividade para as empresas que exploram petróleo na Bacia de Campos. No Porto poderão ser instaladas bases para movimentação e tratamento do petróleo, base de apoio para as operações offshore de E&P e polo metalmecânico dedicado à indústria de Petróleo e Gás.
Os fornecedores da cadeia de O&G reconhecem as vantagens competitivas que o Porto do Açu oferece como plataforma para os seus negócios. O empreendimento é um importante ativo que irá contribuir significativamente para o desenvolvimento e expansão do setor de O&G no Brasil. Além disso, há espaço para um estaleiro de reparo para embarcações de grande porte, projeto que está em desenvolvimento.
R.S. – A Petrobras seria uma parceria valiosa para o Porto do Açu?Cristiane – Com o crescimento da produção de petróleo, a Petrobras assim como outras petroleiras demandam serviços e infraestrutura especializada para atendê-los. E o Porto do Açu é hoje a melhor alternativa para esta indústria. A Petrobras já é uma parceira através de seus fornecedores NOV e Technip, já instalados no Açu.
R.S. – É verdade que a americana Edison Chouest Offshore (ECO) vai investir R$ 950 milhões para criar uma base de apoio offshore no Porto do Açu?
Cristiane – A Prumo assinou em abril um contrato de aluguel de área com a empresa americana Edison Chouest, que irá instalar uma base de apoio logístico offshore e estaleiro de reparos navais para suas próprias embarcações no Porto do Açu. A unidade, que poderá receber 12 embarcações e atenderá aos atuais clientes da Edison Chouest, será instalada no T2 (terminal onshore do empreendimento), que conta com 13 km de cais e 10m de calado, e que tem como foco atividades do setor de óleo e gás.
A chegada da Edison Chouest contribuirá para uma aceleração na ocupação da retroárea perto do canal T2. Uma base de apoio offshore no tamanho que a Chouest irá construir, representa uma importante âncora que atrairá toda a cadeia de produtos e serviços marítimos para a indústria de exploração de petróleo a se instalar no Porto do Açu.
O contrato de aluguel é de uma área de 255.200 m2 pelo período de 15 anos, renováveis por mais 3 períodos de 5 anos. O cais de 440 metros terá capacidade para 12 berços. A empresa possui ainda a possibilidade de aumentar em 220 metros o cais em até 12 meses e mais 220 metros em até 18 meses, podendo dobrar sua capacidade e atingir 880 metros de cais, com capacidade para 18 embarcações, e uma área de até 510.400 m2.
A previsão é que sejam investidos R$ 950 milhões no desenvolvimento da unidade, que deve começar a operar no início de 2015. No total, serão gerados 900 empregos na base.
Fonte: Redação SINCOMAM / Margarida Putti