O monstro dos oceanos que não destrói, mas salva: navio holandês Interceptor retira até 50 toneladas de plástico por dia usando energia solar

O monstro dos oceanos que não destrói, mas salva: navio holandês Interceptor retira até 50 toneladas de plástico por dia usando energia solar

Enquanto o mundo acompanha as mudanças climáticas com preocupação crescente, o problema do lixo plástico nos oceanos já atingiu níveis alarmantes.

Estima-se que mais de 11 milhões de toneladas de plástico entrem nos mares todos os anos, segundo a ONG Ocean Conservancy.

Esse volume forma verdadeiros “tapetes de lixo flutuante”, alguns tão grandes quanto países inteiros.

É nesse cenário caótico que surge o Interceptor, o navio desenvolvido pela organização The Ocean Cleanup, com sede na Holanda.

Como funciona o navio que combate o lixo dos oceanos

O Interceptor não é um navio comum.

Projetado para operar de forma totalmente autônoma e sustentável, ele é movido por energia solar e utiliza inteligência artificial para detectar, capturar e armazenar o lixo plástico que flutua nos rios e mares.

A tecnologia por trás dessa inovação foi criada para atuar principalmente em rios, onde 80% do plástico que chega aos oceanos tem origem.

Sua estrutura lembra uma barca moderna, com 24 metros de comprimento.

Ele possui uma esteira que “puxa” o lixo da água e o leva até um sistema de separação e compactação.

O material recolhido é então armazenado em contêineres que, quando cheios, são retirados e substituídos por novos.

Todo o processo pode ser monitorado remotamente em tempo real.

Cada unidade do Interceptor é capaz de retirar até 50 toneladas de plástico por dia, dependendo das condições locais.

E o mais impressionante: com custo operacional extremamente baixo, já que ele não depende de combustíveis fósseis para funcionar.

Onde o Interceptor já está atuando

Até agora, unidades do Interceptor já foram implantadas em países como Indonésia, Vietnã, República Dominicana, Jamaica e Malásia.

Recentemente, uma unidade também foi instalada no Rio Ozama, na República Dominicana, considerado um dos mais poluídos da América Latina.

O objetivo da ONG é implantar mais de 1.000 unidades nos 1.000 rios mais poluentes do mundo até 2040, uma meta ambiciosa que pode mudar drasticamente o futuro ambiental do planeta.

Essa abordagem estratégica mira justamente os principais “canais de entrada” de plástico nos oceanos.

A mente por trás da inovação: Boyan Slat

O projeto foi idealizado pelo jovem inventor e ambientalista holandês Boyan Slat, que começou a trabalhar na ideia ainda na adolescência.

Aos 16 anos, ele já se mostrava incomodado com a quantidade absurda de plástico no oceano e decidiu criar uma solução de engenharia prática.

Em 2013, com apenas 18 anos, fundou a The Ocean Cleanup, organização sem fins lucrativos que rapidamente ganhou reconhecimento internacional.

Desde então, o projeto já recebeu doações milionárias e apoio de diversas empresas e governos, sendo hoje uma referência mundial em inovação ambiental.

O impacto no planeta (e por que isso importa)

A poluição plástica não afeta apenas o meio ambiente visualmente.

Ela compromete cadeias alimentares inteiras, mata milhões de animais marinhos por ano e já está presente até em nossos organismos, segundo estudos recentes sobre microplásticos em alimentos e água potável.

Além disso, o plástico nos oceanos contribui para alterações químicas e biológicas no ecossistema marinho, gerando impactos econômicos e sociais graves, principalmente em comunidades costeiras.

Com a ação contínua do Interceptor e sua escala global, é possível reduzir significativamente o volume de resíduos plásticos antes mesmo que eles cheguem ao oceano.

Isso torna o projeto ainda mais eficiente, pois interrompe a poluição “na fonte”.

Curiosidades impressionantes sobre o Interceptor

Cada navio é construído para durar mais de 20 anos, com manutenção mínima.

Possui sensores que permitem operação autônoma e monitoramento por satélite.

O lixo coletado é reciclado ou reutilizado por empresas parceiras locais.

Alguns modelos foram patrocinados por grandes empresas globais que apoiam a causa da sustentabilidade.

Seu design modular permite rápida adaptação em diferentes tipos de rios e condições climáticas.

O futuro: mais navios, mais limpeza, mais esperança

A The Ocean Cleanup já está testando versões marítimas mais robustas para atuar diretamente em zonas oceânicas, como a Grande Mancha de Lixo do Pacífico, entre a Califórnia e o Havaí — uma área onde se acumulam mais de 1,8 trilhão de pedaços de plástico.

Além disso, os dados coletados pelas operações do Interceptor alimentam sistemas de inteligência artificial que mapeiam a origem dos resíduos, o que ajuda governos e entidades a criarem políticas públicas mais eficientes.

A expectativa é que, com maior apoio financeiro e institucional, a frota de navios anti-plástico cresça rapidamente nos próximos anos, permitindo um futuro onde os oceanos sejam novamente limpos, habitáveis e sustentáveis.

Fonte: Click Petróleo e Gás