
Marinha do Brasil sedia 10ª Conferência Naval Interamericana de Ciência e Inovação
O Rio de Janeiro foi palco, entre 25 e 28 de agosto, da 10ª Conferência Naval Interamericana Especializada em Ciência, Tecnologia e Inovação (CNIE-CT&I). Organizado pela Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha (DGDNTM), o encontro reuniu delegações de diversos países das Américas para debater os avanços da ciência de dados aplicada à defesa.
C5ISR e ciência de dados na defesa naval
O tema central do encontro foi o C5ISR, que engloba sistemas de comando, controle, comunicações, computação, cibernética, inteligência, vigilância e reconhecimento. Essas capacidades são fundamentais para operações navais modernas, garantindo maior integração de sensores, proteção cibernética e capacidade de antecipar ameaças.
Durante a conferência, especialistas destacaram a aplicação da ciência de dados em ambientes complexos, como a Amazônia Azul, área de 5,7 milhões de km² de águas jurisdicionais brasileiras. O uso integrado de informações amplia a soberania nacional e fortalece a capacidade das Marinhas em neutralizar riscos antes que eles se concretizem.
As apresentações técnicas incluíram experiências bem-sucedidas de diferentes países, abordando desde cibersegurança até a aplicação de inteligência artificial em sistemas de defesa naval. O Brasil, como anfitrião, reforçou seu compromisso em investir na inovação tecnológica como parte de sua estratégia de poder naval.
Cooperação internacional e intercâmbio de conhecimento
A CNIE-CT&I mostrou que os desafios da defesa marítima ultrapassam fronteiras. Delegações da América do Norte, Central e do Sul compartilharam práticas e projetos, buscando soluções conjuntas para ameaças comuns, como o crime organizado transnacional, a ciberpirataria e a proteção de rotas marítimas estratégicas.
Para o Vice-Almirante Alfredo Martins Muradas, assessor de Ciência, Tecnologia e Inovação da DGDNTM, a cooperação é o maior legado da conferência: “Uma Marinha forte e soberana depende não apenas de meios navais, mas da integração inteligente de informações, sistemas e tecnologias estratégicas”, afirmou.
O evento também fortaleceu vínculos acadêmicos e diplomáticos. A troca de experiências entre militares, cientistas e engenheiros amplia a rede de colaboração internacional, preparando as Forças para responder a desafios cada vez mais sofisticados.
O Brasil no cenário da inovação em defesa
Ao sediar a 10ª edição da conferência, o Brasil consolidou sua posição como referência em ciência, tecnologia e inovação na área de defesa. A presença de representantes estrangeiros no Clube Naval Piraquê e nas visitas técnicas ao Complexo Naval de Itaguaí reforçou a confiança internacional no papel do país como articulador regional.
Criada em 1959, a Conferência Naval Interamericana (CNI) tem como propósito estreitar os laços entre as Marinhas do continente. Sua vertente em ciência e inovação, a CNIE-CT&I, tornou-se espaço permanente para debater tendências e propor iniciativas conjuntas em segurança marítima.
O Contra-Almirante (Engenheiro Naval) Marcos Fricks Cavalcante, Diretor do CTMRJ, resumiu o impacto do encontro: “Desafios como a cibersegurança e a proteção de sistemas críticos não reconhecem fronteiras. Esta conferência demonstra que só por meio da cooperação técnica poderemos enfrentá-los de forma eficaz”.
Com esta edição, a Marinha do Brasil reafirma sua liderança no Atlântico Sul e fortalece o compromisso com a inovação como ferramenta estratégica para a defesa da soberania nacional e a segurança marítima regional.
Fonte: Defesa em Foco