Licença da Chevron abre portas para outras empresas na Venezuela

Licença da Chevron abre portas para outras empresas na Venezuela

A licença especial do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) concedida à Chevron pelo governo dos EUA pode abrir caminhos para que empresas como a Eni, Repsol ou Reliance expandam suas produções na Venezuela. É o que diz o Diretor Administrativo para a América Latina da Rystad Energy, W. Schreiner Parker, em um insight especial divulgado na quinta-feira (28).

A licença OFAC foi concedida no final de julho à companhia norte-americana. Esta autorização permite que as empresas realizem transações que, de alguma forma, sejam proibidas. “Olhando para o futuro, muito depende se a licença específica da Chevron é expandida, replicada para outras empresas ou se pode caducar”, analisa Schreiner Parker.

Para ele, a Casa Branca está em busca de uma estratégia dupla, no qual ao mesmo tempo em que reduz as restrições ao petróleo venezuelano está intensificando a pressão sobre o presidente do país, Nicolás Maduro.

Do lado da Chevron, garantir a licença é uma vitória, pois sua produção pode aumentar em 250 mil bpd, um valor que corresponde a mais de 10% de sua produção atual apenas de petróleo. Apesar disso, o número é considerado um pouco para mudar os preços do petróleo Brent.

“As refinarias, especialmente na Costa do Golfo dos EUA, provavelmente darão as boas-vindas à reintrodução de bairros pesados ​​venezuelanos. Com os mercados globais saturados de petróleo leve e doce, os graus mais pesados ​​da Cinturão do Orinoco fornecem a diversidade”, estimou o diretor da Rystad Energy.

Para a PDVSA, uma estatal de energia da Venezuela, a licença abre uma porta para se reestabelecer nos mercados globais, embora a recuperação ainda seja algo em desenvolvimento. A presença da Chevron, em sua visão, oferece à companhia uma “tábua de salvação”.

Ainda é possível que a PDVSA volte aos regimes de impostos e royalties que tinha antes, mas a actividade renovada das duas empresas poderia injetar o impulso necessário no sector a montante. Mas, como aponta o diretor, sem uma reforma sistêmica maior, é difícil que os níveis de produção pré-sanções retornem.

O diretor da Rystad também destaca que flexibilizar as avaliações sinalizando um ajuste estratégico na Casa Branca. O governo introduziu uma postura mais transacional, que aprovou o poder de permanência do governo chavista. Ao criar espaço para um negócio corporativo limitado, os EUA estão regularizando a futilidade do isolamento total, mantendo a pressão política intacta, explicou ele.

“Os bairros venezuelanos por si só não mudarão o equilíbrio dos mercados globais de petróleo, mas podem reequilibrar silenciosamente um segmento onde a escassez é mais aguda. Isso, juntamente com a capacidade de execução da Chevron, garante que essa abertura, por mais estreita que seja, será vista de perto em todo o setor”, disse, por fim, Schreiner Parker.

Fonte: Revista Brasil Energia