
Comunicações Navais: conheça a rede invisível que conecta e protege a Amazônia Azul
A Marinha do Brasil (MB) celebra o Dia das Comunicações Navais, uma data instituída em memória do Vice-Almirante Tácito Reis de Moraes Rego, patrono que deixou um legado importante para o desenvolvimento dessa área estratégica.
Essenciais para a conexão entre navios, submarinos, aeronaves e bases terrestres, as Comunicações Navais garantem a coordenação e a eficiência das operações da MB. Desde a criação do Serviço Radiotelegráfico da Marinha, em 1907 — marco do início da telegrafia sem fio no País —, os sistemas de comunicação naval passaram por constante evolução, incorporando tecnologias como redes de dados de alta frequência, fibras ópticas, rádio enlaces e comunicação via satélite. Esses avanços têm sido fundamentais para fortalecer a integração e a segurança das unidades navais.
Além de possibilitar a troca de informações em tempo real e a tomada de decisões rápidas, as comunicações seguras e confiáveis desempenham um papel estratégico na defesa do território e na proteção dos interesses marítimos do Brasil. Em operações de Busca e Salvamento, por exemplo, a precisão e rapidez na transmissão de informações podem fazer a diferença entre salvar ou perder vidas. Os sistemas também são usados no monitoramento e proteção das Águas Jurisdicionais Brasileiras, no combate a atividades ilegais, segurança da navegação e prevenção da poluição hídrica.
Na estrutura da Força Naval, a Diretoria de Comunicações e Tecnologia da Informação (DCTIM) é a responsável por assegurar a eficiência do Sistema de Comunicações da Marinha (SISCOM) e proteger o espaço cibernético de interesse da MB. A organização também lidera a implementação de padrões tecnológicos que contribuem para o preparo e a empregabilidade do Poder Naval.
O renascimento das comunicações em Alta Frequência
Após décadas de declínio, as comunicações em Alta Frequência (HF) têm experimentado um processo de revitalização, posicionando-se como uma solução estratégica para complementar os sistemas satelitais. Inicialmente substituídos por satélites devido às suas altas taxas de transmissão, facilidade de operação e independência das condições ionosféricas, os sistemas HF foram gradualmente deixados em segundo plano no final do século XX. Além disso, o avanço da internet e a crescente demanda por banda larga reforçaram o predomínio das comunicações satelitais.
No entanto, as vulnerabilidades inerentes às tecnologias satelitais, como a suscetibilidade a interferências, ataques cibernéticos e armas antissatélite (ASATs) trouxeram à tona a necessidade de alternativas confiáveis. Outros desafios, como o elevado investimento para implementação e os danos causados por fenômenos geomagnéticos, evidenciam as limitações dos sistemas baseados em satélites, especialmente em regiões polares.
Com a revalorização das comunicações em HF, avanços tecnológicos têm impulsionado seu renascimento. O desenvolvimento de sistemas de HF de banda larga e a introdução de tecnologias como o Automatic Link Establishment (ALE), que automatizam o estabelecimento de conexões, tornaram essas soluções mais rápidas e eficientes. Técnicas avançadas de propagação de ondas de rádio e modulação digital também contribuíram para a melhoria na clareza e confiabilidade das transmissões.
Outra inovação significativa é o uso de voz digitalizada com criptografia, que oferece segurança mesmo em condições adversas. Recursos de correção de erros e novas formas de transmissão de sinais elevaram o padrão das comunicações em HF, consolidando esses sistemas como contingências indispensáveis para garantir conectividade em cenários críticos.
A modernização das comunicações em HF permitiu que muitas de suas deficiências tradicionais fossem superadas, garantindo maior confiabilidade e eficiência em operações militares e navais. Atualmente, esses sistemas agem na resiliência das comunicações, atuando como contingência estratégica frente aos desafios e riscos associados às tecnologias satelitais.
As Estações Rádio da Marinha
A MB mantém uma rede de nove Estações Rádio, estrategicamente posicionadas pelos Distritos Navais, para garantir o suporte contínuo aos navios em operação. Essas estações estão localizadas em Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Natal (RN), Belém (PA), Rio Grande (RS), Ladário (MS), Brasília (DF), São Paulo (SP) e Manaus (AM), cobrindo amplamente o território nacional e regiões de interesse estratégico.
Funcionando 24 horas por dia, essas Estações atuam na troca de informações em frequências específicas, essenciais para a coordenação de operações navais. Suas ações incluem o envio e recebimento de mensagens críticas, a transmissão de dados operacionais e a garantia da conectividade entre unidades navais e bases terrestres.
Integradas ao Serviço Fixo Principal (SFP) e ao Serviço Móvel Marítimo (SMM), essas Estações utilizam sistemas de criptografia de última geração para proteger as informações transmitidas. Esse nível de segurança é relevante para prevenir contra acessos não autorizados e assegurar a confidencialidade e integridade dos dados, principalmente em missões sensíveis.
Fonte: Agência Marinha de Notícias