
Jornalistas compartilham experiências de superação e emoção a bordo de veículos anfíbios da Marinha do Brasil
Os alunos da segunda turma do Curso de Cobertura Jornalística em áreas de Combate e Emergência da Marinha tiveram a oportunidade única de vivenciar uma travessia na Baía de Guanabara em um Carro Lagarta Anfíbio (CLAnf). A experiência durou cerca de 40 minutos e proporcionou emoção para 60 jornalistas.
Com capacidade de operar tanto em terra como na água, o veículo saiu da Ilha das Flores, em São Gonçalo, na Região Metropolitana, e foi até o navio Bahia, o segundo maior da Marinha, que estava perto da Ponte Rio-Niterói.
Os anfíbios foram fundamentais para auxiliar no resgate de pessoas e na entrega de suprimentos em áreas afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul no ano passado. Os carros podem transpor arrebentações de até três metros de altura e alcançar velocidades de até 13 km/h na água e 72 km/h em terra.
Com autonomia de 7 horas navegando e 321 km em terra, os carros contam com sistemas especiais para estabilidade e deslocamento, tornando-os altamente versáteis em diferentes ambientes.
Experiências
Jornalistas de diversos veículos tiveram experiências diferentes dentro de um anfíbio pela primeira vez. O âncora da BandNews TV, Cassius Zeilmann, compartilhou uma história de superação através do veículo blindado. Motivado pela oportunidade única de navegar em um CLAnf, ele encarou o desafio de ficar em um ambiente que aparentemente seria hostil.
“A experiência de andar com o anfíbio foi muito interessante porque eu tenho muito medo, me sinto muito inseguro e me dá uma certa ansiedade ficar em ambientes confinados, fechados, sem ter onde sair ou pelo menos ter uma luz, digamos assim, no fim do túnel, que eu possa me sentir mais seguro, onde eu possa respirar, me sentir mais confortável. E dentro do anfíbio eu não senti isso, então fiquei muito feliz. Além de fazer todo aquele trajeto de cerca de 45 minutos contemplando toda a Baía de Guanabara, o passeio, toda a estrutura, ainda teve o fato de o veículo ficar submerso. Então tudo isso foi muito legal pra eu conseguir vencer o meu medo e aproveitar toda a experiência”, relatou.
Fotógrafa da Reuters, Tuane Fernandes teve um sentimento parecido.
“Fiquei preocupada da escotilha ir fechada e passar mal porque tenho labirintite e enxaqueca, mas foi aberta e acabou sendo uma experiência muito massa”, celebrou.
Os militares que participaram da atividade, realizada no terceiro dia de curso, explicaram que é normal entrar um pouco de água na base do veículo durante a travessia. O carro tem capacidade para controlar a quantidade aceitável. Ainda assim, quem não tem experiência militar pode se assustar. A apresentadora da TV Aparecida, Raiane Brancatti, deixou os estúdios em São Paulo para participar da atividade.
“Assim que entrou no mar, eu olhei na porta e entrou um pouca d’água no carro, achei que fosse alagar tudo. Mas a água que entrou não molhou nem os pés, foi muito pouco. Não tem como explicar a sensação, foi muito desafiador. Eu não sei nem nadar e quando vi já estava dentro de um carro no meio do mar”, contou.
O Capitão de Fragata (FN) Carlos Henrique Lussac, comandante do Batalhão de Viaturas Anfíbias, explicou que o veículo, ao contrário do que comumente se pensa, consegue ser manobrado com facilidade, apesar da sua magnitude.
“O carro Lagarta Anfibio, o qual também já está sendo utilizado na cúpula do BRICS. É um carro que tem uma capacidade bem diferente dos outros blindados. A principal característica dele é esse movimento do navio para a terra. E a outra característica é a possibilidade de fazer pivô. Então, além de ter a capacidade de embarcar 22 militares armados e equipados fora da sua guarnição, que é o operador auxiliar da guarnição, o comandante da viatura”, compartilhou.
Os CLAnf são usados para aumentar a mobilidade, prover proteção blindada e ampliar a capacidade ofensiva das tropas embarcadas através do emprego dos armamentos orgânicos das viaturas. Os carros possuem uma quantidade de equipamentos rádio suficiente para operar um Centro de Operações de Combate (COC).
A viatura é equipada com um guincho de 17 toneladas, um guindaste de 2,9 toneladas, um compressor de ar, um gerador de corrente alternada, um equipamento de solda e diversas ferramentas especiais.
Em 1986, a Marinha do Brasil adquiriu 12 Assault Amphibian Vehicle (AAV7A1), que desembarcaram no Píer da Praça Mauá, na Região Central do Rio e, ao serem incorporados ao acervo do Corpo de Fuzileiros Navais, foram rebatizados de Carros Lagarta Anfíbios (CLAnf). Do total de veículos de 1ª geração, 10 CLAnf eram para o Transporte de Pessoal, 01 CLAnf Comando e 01 CLAnf Socorro. Ao todo, a Marinha do Brasil tem 49 atualmente carros desse tipo.
Sobre o curso
O curso para jornalistas foi oferecido pela Marinha entre os dias 30 de junho e 4 de julho. Além de fazerem a travessia no anfíbio, profissionais de comunicação de 16 estados e do Distrito Federal vivenciaram outros momentos marcantes, como simulados realizados pela Marinha no Complexo Naval da Ilha do Governador, na Zona Norte, além de visitas ao Batalhão de Operações Policiais Especiais da Polícia Militar do Rio (Bope) e ao Corpo de Bombeiros.