Petrobras está perto de concluir venda de sua fatia na PetroÁfrica

Petrobras está perto de concluir venda de sua fatia na PetroÁfrica

A Petrobras está perto de sacramentar a venda de sua fatia de 50% na PetroÁfrica, o que poderá lhe render cerca de US$ 1,3 bilhão, segundo uma fonte. A operação representa, para a petroleira, um novo avanço em seu programa de desinvestimentos, num momento em que a empresa lida com reveses em algumas negociações importantes para o cumprimento da meta de vender US$ 21 bilhões em ativos no biênio 2017-2018.

Na semana passada, a Petrobras suspendeu a negociação de suas refinarias, da Transportadora Associada de Gás (TAG) e da Fábrica de Fertilizantes de Araucária (PR), após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski conceder liminar proibindo a venda do controle de estatais e suas subsidiárias sem o aval do Congresso. A expectativa é que, mesmo que a decisão seja revista no plenário, a petroleira perca ao menos um mês nas negociações, já que o STF entrou em recesso.

Segundo a fonte, a venda da PetroÁfrica é avaliada em cerca de US$ 2,6 bilhões, dos quais a Petrobras receberia US$ 1,3 bilhão – referente a sua fatia de 50%. A outra metade cabe ao BTG Pactual (40%) e a Helios Investment Partners (10%), que também estão se desfazendo de suas participações. Glencore e Vitol competem pela PetroÁfrica, que concentra ativos de exploração e produção na Nigéria.

Para atingir sua meta de desinvestimento, a estatal precisa vender mais US$ 15 bilhões em ativos até o fim do ano

Se confirmada a operação, a Petrobras pode ultrapassar a marca de um quarto de sua meta de desinvestimentos, ou US$ 5,9 bilhões em ativos vendidos entre 2017 e 2018. Desde o ano passado, a estatal anunciou a venda do campo de Azulão, para a Eneva (por US$ 56,5 milhões); de 25% do campo de Roncador (US$ 2,667 bilhões), para a Equinor (ex-Statoil); dos ativos de distribuição de combustíveis do Paraguai, para o grupo Copetrol (US$ 383 milhões); e abriu o capital da BR Distribuidora, numa operação que lhe garantiu R$ 5 bilhões (US$ 1,5 bilhão na época da operação, em novembro de 2017).

Para atingir a meta de desinvestimentos, a Petrobras precisa acelerar as negociações e vender outros cerca US$ 15 bilhões em ativos até o fim do ano. As vendas da TAG e das refinarias, suspensas, e a saída da Braskem são os negócios com maior potencial de geração de receitas. O UBS estima que só a TAG poderia render até US$ 9 bilhões à petroleira.

A Petrobras possui, contudo, uma série de outros negócios em andamento. Se por um lado a companhia sofreu o revés no STF, por outro avançou em algumas negociações nas últimas semanas, dentre eles a venda do pacote de campos terrestres do Ceará, Rio Grande do Norte e Sergipe; da venda de 50% do campo de Tartaruga Verde e do Módulo III do campo de Espadarte, na Bacia de Campos, e de 100% do campo de Baúna, em águas rasas da Bacia de Santos.

A estatal também concluiu a venda de Roncador e dos ativos de distribuição do Paraguai e negocia com a chinesa CNPC uma parceria para a conclusão da refinaria do Comperj e para a revitalização de Marlim, na Bacia de Campos.

Nesse período, houve também novidades na venda da Braskem, depois que a sócia Odebrecht na petroquímica anunciou o início de tratativas para negociar sua fatia de 38% no capital total da companhia para a LyondellBasell. A Petrobras tem direito de preferência e “tag along” (ou venda conjunta) de seus 36%.

A Petrobras possui, ainda, outras negociações avançadas, em fase vinculante, para venda da refinaria de Pasadena (EUA); do pacote de campos de águas rasas do Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe; e dos campos de Piranema (Sergipe) e Maromba (Bacia de Campos).

A venda da PetroÁfrica representa, ainda, mais um passo para redução da participação internacional da Petrobras, que já se desfez de seus ativos de distribuição de combustíveis no Paraguai, Argentina e Chile e das refinarias no Japão e Argentina.

Fonte: Valor